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Direitos humanosAfeganistão

EUA e aliados condenam execuções sumárias pelo Talibã

5 de dezembro de 2021

Mais de 20 países, incluindo EUA, França e Alemanha, além da UE, demandam que regime talibã cumpra promessa de anistiar ex-membros das forças de segurança do Afeganistão. ONG denunciou dezenas de execuções.

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Combatentes talibãs armados
Combatentes talibãs. Grupo fundamentalista islâmico tomou o poder em 15 de agostoFoto: Oliver Weiken/dpa/picture alliance

Liderados pelos Estados Unidos, países ocidentais criticaram o Talibã por relatos de execuções sumárias e desaparecimentos forçados de ex-membros das forças de segurança afegãs, demandando que o regime fundamentalista islâmico cumpra sua promessa de anistia.

Um comunicado conjunto foi emitido por um grupo de 21 países mais a União Europeia neste sábado (04/12), dias depois de a organização Human Rights Watch (HRW) divulgar um relatório denunciando abusos no país.

O relatório da HRW documenta 47 execuções sumárias ou desaparecimentos forçados de ex-membros das Forças de Segurança Nacional afegãs – militares, policiais, membros do serviço de inteligência e de milícias paramilitares – que se renderam ou foram detidos pelas forças talibãs entre 15 de agosto e 31 de outubro.

Segundo a HRW, relatos indicam, no entanto, que o número de execuções ou desaparecimentos forçados chega a mais de 100 desde agosto, quando o Talibã tomou o poder. Os talibãs também teriam mirado familiares de ex-membros das forças de segurança. 

"Estamos profundamente preocupados com relatos de execuções sumárias e desaparecimentos forçados", diz o comunicado dos países ocidentais, em referência ao que foi documentado pela HRW e outros grupos de direitos humanos.

"Sublinhamos que as ações alegadas constituem sérios abusos de direitos humanos e contradizem a anistia anunciada pelo Talibã. Apelamos ao Talibã para que aplique efetivamente a anistia para ex-membros das forças de segurança afegãs e ex-funcionários do governo", afirmaram os países.

"Os casos relatados devem ser investigados prontamente e de forma transparente, os responsáveis devem ser responsabilizados", prossegue o comunicado. "Continuaremos avaliando o Talibã por suas ações."

O texto foi divulgado conjuntamente pelos governos dos EUA, Austrália, Bélgica, Bulgária, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Macedônia do Norte, Polônia, Portugal, Romênia, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido, Ucrânia e União Europeia.

O Talibã tomou o poder no Afeganistão em 15 de agosto, após o governo apoiado pelos EUA entrar em colapso depois da retirada das tropas estrangeiras do país. O grupo fundamentalista islâmico declarou anistia a ex-membros das Forças de Segurança Nacional do Afeganistão que haviam se rendido ou sido apreendidos.

Abusos de direitos no Afeganistão

Os novos governantes afegãos vêm buscando reconhecimento internacional. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que outros países devem usar esse desejo de reconhecimento para pressionar pelo respeito a direitos humanos no Afeganistão.

Em seu relatório, a Human Rights Watch afirmou que, após tomar o poder, a liderança talibã determinou que ex-membros das forças de segurança que haviam se rendido se registrassem junto às autoridades para receber uma carta garantindo sua segurança.

"No entanto, forças talibãs usaram essa triagem para deter e executar sumariamente ou forçar o desaparecimento de pessoas poucos dias após elas se registrarem, deixando seus corpos para que seus parentes ou comunidades encontrassem", disse a HRW.

"O Talibã também conduziu operações de busca abusivas, incluindo batidas noturnas, para apreender e, por vezes, forçar o desaparecimento de supostos ex-oficiais", concluiu.

Já em agosto, poucos dias após a tomada de poder pelo Talibã, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, alertou ter recebido relatos confiáveis ​​de graves abusos no Afeganistão, incluindo execuções sumárias de civis e de membros das forças de segurança que depuseram suas armas, além de restrições sofridas por mulheres.

lf (DW, AFP)