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Estados Unidos acusam Rússia de "barbárie" na Síria

25 de setembro de 2016

No Conselho de Segurança da ONU, diplomatas dos EUA, da França e do Reino Unido criticam participação de Moscou no conflito sírio. "Em vez de buscar a paz, Rússia e Assad fazem guerra", diz embaixadora americana.

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Destruição em Aleppo
Foto: Reuters/A. Ismail

Os Estados Unidos, a França e o Reino Unido acusaram a Rússia neste domingo (25/09) de piorar a carnificina na Síria, enquanto aviões russos e do regime bombardeiam Aleppo. Uma solução diplomática pareceu bastante improvável na reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada para discutir a violência, que se intensificou desde o colapso de um cessar-fogo na semana passada.

"O que a Rússia está patrocinando e fazendo não é contraterrorismo, é barbárie", disse Samantha Power, embaixadora dos EUA na ONU. "Em vez de buscar a paz, Rússia e Assad fazem a guerra. Em vez de fazer com que ajuda essencial chegue aos civis, Rússia e Assad estão bombardeado comboios [humanitários], hospitais e socorristas que tentam desesperadamente manter as pessoas vivas."

Os ministros do Exterior francês e britânico acusaram a Rússia de crimes de guerra. "É difícil negar que a Rússia esteja numa parceria com o regime sírio para cometer crimes de guerra", disse Matthew Rycroft, embaixador britânico.

Moscou se defendeu. "Na Síria, centenas de grupos armados estão sendo armados, o território do país está sendo bombardeado indiscriminadamente e conseguir a paz é uma tarefa quase impossível agora por causa disso", disse Vitaly Churkin, embaixador russo na ONU.

Segundo ele, a Frente al-Nusra é a principal força que se encontra no leste de Aleppo, controlado pelos rebeldes, e "os civis são um escudo humano para eles". Frente al-Nusra é o antigo nome da atual Frente da Conquista do Levante, que oficialmente se afastou da rede terrorista Al Qaeda.

A Rússia acusa os Estados Unidos de não conseguir persuadir os rebeldes moderados a se afastar dos grupos terroristas, como a Frente al-Nusra.

Em protesto aos ataques em Aleppo, os diplomatas dos EUA, da França e do Reino Unido deixaram a câmara do Conselho de Segurança quando o embaixador sírio se manifestou.

Ofensiva "sem precedentes"

Capturar a área controlada pelos rebeldes em Aleppo, onde mais de 250 mil civis estão sitiados, seria a maior vitória das forças de Assad na guerra civil. Com o apoio da Rússia e do Irã, o regime sírio lançou uma nova ofensiva contra os opositores na última quinta-feira.

Os Estados Unidos denunciaram no Conselho de Segurança da ONU que aviões militares russos e sírios lançaram pelo menos 158 ataques aéreos contra o leste de Aleppo nas últimas 72 horas, numa ofensiva "sem precedentes".

Para Power, a ofensiva demonstra "que o regime de Assad só acredita numa solução militar e que para ele não importa o que vai restar da Síria após essa solução militar".

Power acusou Moscou de estar "abusando de seu privilégio" de direito a veto no Conselho de Segurança da ONU para não permitir ações mais firmes contra o regime de Assad pelo massacre que este está realizando na Síria.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, desde a última quinta-feira, quando o Exército sírio anunciou o início da operação no leste de Aleppo, ao menos 124 pessoas, a maioria civis, foram mortas em bombardeios sírios e russos. 

Antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU neste domingo, o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, condenou o que chamou de "o mais contínuo e intenso bombardeio desde o início do conflito na Síria [em 2012]". 

Ban pediu que as potências mundiais "trabalhem com mais afinco para pôr fim ao pesadelo" na Síria. Em cinco anos, a guerra civil já deixou mais de 300 mil mortos e milhões de deslocados.

LPF/rtr/afp/efe