Bombardeios deixam quase dois milhões sem água em Aleppo
24 de setembro de 2016Quase dois milhões de civis ficaram sem água neste sábado (24/05) na cidade de Aleppo, após bombardeios por parte de aviões do regime de Damasco danificarem uma das estações de bombeamento de água e outra ser fechada pelos rebeldes em retaliação.
As áreas controladas pelos insurgentes no leste da cidade foram alvos de intensos ataques aéreos e de artilharia pela quinta noite consecutiva. "Ataques intensos na noite de ontem danificaram a estação de bombeamento de água Bab al-Nayrab, que abastece cerca de 250 mil pessoas no leste de Aleppo", informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). "A violência não permite que as equipes de reparos cheguem à estação."
"Em retaliação, a estação de bombeamento de água Suleiman al-Halabi, também localizada no leste, foi desligada, cortando o abastecimento de 1,5 milhão de pessoas nas regiões do oeste da cidade [controladas pelas forças do governo]", acrescentou.
O Unicef diz que os cortes no abastecimento ameaçam gravemente a saúde das pessoas, sobretudo das crianças, nas áreas sob controle dos rebeldes, onde a única fonte de água potável seriam poços artesianos altamente contaminados.
Segundo a organização, as alternativas mais seguras estão do lado ocupado pelas forças do governo, onde existem poços que retiram água do solo de grandes profundidades.
"É crucial para a sobrevivência das crianças que todas as partes envolvidas no conflito parem de atacar a infraestrutura de água, permitam o acesso para o reparo dos danos na estação Bab al-Nayrab e voltem a ligar a água na estação Suleiman al-Halabi", disse o Unicef.
O órgão da ONU informou que vai expandir o abastecimento de emergência na cidade realizado através de caminhões-pipa, mas alertou que se trata de uma solução em caráter temporário, insustentável em longo prazo.
Bombardeios pesados após trégua
A organização Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que monitora o conflito no país, informou neste sábado que ao menos 180 pessoas morreram nas áreas controladas pelos rebeldes na província de Aleppo desde o colapso do mais recente cessar-fogo na última segunda-feira. Entre os mortos estariam 26 crianças.
Ativistas relatam bombardeios pesados das forças sírias e russas. Segundo eles, os hospitais estão superlotados e enfrentando escassez de suprimentos devido ao cerco imposto desde julho pelas forças de Damasco à área controlada pelos rebeldes.
"Não temos médicos suficientes para lidar com o alto número de vítimas", afirmou um voluntário do grupo Defesa Civil Síria, cujos membros são conhecidos como "capacetes brancos" e que atua nas áreas sob controle dos insurgentes. De acordo com ele, mais de 200 feridos estão em hospitais improvisados. Três das quatro estações dos voluntários foram atingidas por ataques aéreos nesta semana.
As forças sírias anunciaram nesta semana planos de lançar uma ofensiva terrestre aos distritos rebeldes. As pessoas nessas regiões dizem que não há uma via segura para fugir da área sitiada.
RC/dpa/afp