ONU se oferece para escoltar islamistas para fora de Aleppo
6 de outubro de 2016O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, ofereceu-se nesta quinta-feira (06/10) para ir até o leste da cidade de Aleppo e escoltar cerca de mil combatentes islamistas que desejem deixar o leste da cidade, numa tentativa de encerrar a ofensiva das forças sírias e russas.
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Moscou e Damasco usam a presença de radicais islâmicos como desculpa para bombardear bairros do leste de Aleppo controlados por rebeldes. A ofensiva atualmente em curso é considerada a mais intensa na cidade desde o início da guerra e acentuou o drama humanitário dos moradores.
"Por favor, olhem nos meus olhos", disse De Mistura, numa mensagem aos líderes da Frente Fateh al-Sham (antiga Frente al-Nusra), antes de apelar para que abandonem Aleppo. "Caso decidam sair com dignidade, levando suas armas, para Idlib ou para qualquer lugar que queiram, estou pessoalmente preparado para acompanhar vocês fisicamente", afirmou. Pouco depois, a Rússia manifestou apoio à proposta.
Ele acusou os combatentes da Al Nusra de manter "reféns" os moradores da área ao se recusarem a deixá-la. Num apelo à Rússia e ao presidente sírio, Bashar al-Assad, o enviado do ONU perguntou se eles estão realmente interessados em destruir completamente Aleppo. "Ou vocês estão prontos para anunciar uma suspensão total e imediata dos bombardeios se a Al Nusra sair?", perguntou.
De Mistura disse que a história vai julgar Síria e Rússia se esses países usarem a presença de cerca de mil militantes da Fateh al-Sham como "álibi" para destruir a área controlada pelos rebeldes e matar os 275 mil moradores que ainda resistem no local, dos quais cem mil seriam crianças. Ele disse ainda que há, no máximo, 8 mil rebeldes na área.
"Nesse ritmo, no máximo em dois meses, dois meses e meio, a cidade no leste de Aleppo pode estar totalmente destruída, em especial a cidade antiga", disse em Genebra. A área dos rebeldes no leste de Aleppo tem sido destruída por uma ofensiva das forças governamentais, com o apoio da aviação russa, incluindo diversos ataques a instalações hospitalares.
"Há apenas uma coisa que não estamos prontos para fazer: ser passivos, resignar-nos a outra Srebrenica, outra Ruanda", acrescentou.
AS/afp/lusa/rtr