Zeitgeist: Aleppo tem importância estratégica e simbólica
26 de setembro de 2016Até o início da guerra civil, Aleppo era a maior cidade e também o principal centro econômico e comercial da Síria. Viviam nela 2,1 milhões de pessoas. Com o início da Batalha de Aleppo, em julho de 2012, a população diminuiu constantemente. Estimativas afirmam que cerca de 1,8 milhão de pessoas ainda moram na cidade, das quais 1,5 milhão na área controlada pelo governo e 250 mil nos setores dos rebeldes.
Aleppo era também conhecida pela sua oferta cultural e vida noturna, e seu centro histórico – em boa parte destruído – foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco. É uma das cidades mais antigas do mundo, habitada desde o 6º milênio antes de Cristo, e foi a terceira maior cidade do Império Otomano, depois de Constantinopla e Cairo.
Hoje, Aleppo é a cidade mais disputada da guerra civil síria e está dividida entre as facções beligerantes. Os rebeldes controlam a parte oriental, e as forças apoiadoras do regime sírio, a ocidental. As Unidades de Proteção Popular (YPG, no original), a organização armada dos curdos sírios, controlam o bairro de Sheikh Maqsoud, no norte, habitado majoritariamente por curdos.
Tanto a área oriental controlada pelos rebeldes como o bairro de Sheikh Maqsoud são, na prática, enclaves. Em julho de 2016, as tropas leais ao presidente Bashar al-Assad, apoiadas por jatos russos, conseguiram conquistar Castello Road, a última grande via que conectava o enclave rebelde ao mundo externo, na prática isolando-o.
Esse cerco durou cerca de 40 dias. Por esse período, a parte oriental de Aleppo não recebeu suprimentos. No início de agosto, os rebeldes conseguiram abrir o cerco, usando uma rota alternativa, a partir do sul. Porém, no início de setembro, as forças do governo voltaram a controlar todas as vias de acesso à área oriental, restabelecendo o cerco.
Além de grupos moderados, representados principalmente pelo Exército Livre da Síria, as facções rebeldes incluem também milícias islamistas, como a antiga Frente al-Nusra (atual Frente Fateh al-Sham, ou Frente da Conquista do Levante) e a Frente Ansar Dine.
As forças do governo são apoiadas por milícias xiitas, comandadas pelo Irã, e também por combatentes do grupo libanês Hisbolá, aliado de longa data de Assad.
O grupo jihadista "Estado Islâmico" tem uma participação inexpressiva na Batalha de Aleppo.
Para o regime de Assad, a conquista de Aleppo tem valor simbólico, por ser a maior cidade do país, e também estratégico. Aleppo está localizada a cerca de 50 quilômetros da fronteira com a Turquia, e no meio do caminho entre o Mar Mediterrâneo e o rio Eufrates.
Se tiver o completo controle sobre Aleppo, o regime de Assad vai ter dado um passo importante para alcançar seu objetivo de retomar o controle sobre todo o país, pois já domina outras grandes cidades, como Damasco, Homs, Hama e Lataquia. Se os rebeldes perderem Aleppo, os combates vão se restringir ao interior do país, de menor importância estratégica.
Como a mais disputada cidade da guerra civil síria, Aleppo está, em grande parte, destruída. "Em muitos aspectos, Aleppo é para a Síria o que Saraievo foi para a Bósnia ou Guernica para a guerra civil espanhola", disse o embaixador da França na ONU, François Delattre.
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