Energia nuclear é tema de festival de cinema no Rio de Janeiro
16 de maio de 2013A cadeia produtiva da energia nuclear, desde a mineração do urânio até o lixo atômico, é a temática central de um festival de cinema inusitado, o Uranium Film Festival. A terceira edição do festival internacional de filmes sobre energia nuclear começa nesta quinta-feira (16/05), na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Até o dia 26 de maio serão exibidos 52 filmes de 19 países.
O Uranium é o primeiro festival de cinema do mundo que abrange as numerosas questões relacionadas à energia nuclear, além das armas atômicas. Neste ano, o público poderá assistir a filmes de diferentes gêneros: tanto documentários como animação, ficção e experimentais.
"A ideia do festival surgiu em 2006, quando percebemos que havia muitos filmes sobre energia nuclear e exploração de urânio, mas eles não eram exibidos", conta o jornalista alemão Norbert Suchanek, diretor-geral e também um dos idealizadores do evento.
O festival procura aproximar o público da temática por meio do cinema, e fazê-lo pensar sobre o assunto. Segundo os organizadores, a população ainda carece de informações sobre questões nucleares. Por exemplo, poucos sabem que já foram produzidas mais de 200 mil toneladas de lixo nuclear, para serem guardadas por mais de 100 mil anos.
"A população precisa ser esclarecida sobre o tema, saber que há riscos e efeitos colaterais. Nós estamos aqui para, através do cinema, prestar esse esclarecimento", explica Suchanek.
Produções inéditas
Pela primeira vez na história do festival serão exibidos filmes de Israel, Estônia, Romênia e Jordânia. Com dez filmes, os Estados Unidos apresentam o maior número de participantes, seguidos da Alemanha com nove e do Japão com seis. O Brasil está representado com dois documentários, um dos quais ainda inédito.
Neste ano, nove filmes terão estreia mundial durante o festival. Entre eles estão um longa de ficção australiano sobre uma empresa exportadora de urânio, assim como quatro documentários: dois alemães, um japonês sobre o acidente em Fukushima, e o brasileiro Caetité, sofrimento cinzento, de Laura Pires e Aleis Góis.
O documentário mostra o cotidiano da cidade baiana de Caetité, de onde é extraído o urânio que abastece as Usinas Angra 1 e 2. Esse não é o primeiro filme da cineasta Pires sobre a temática: ela também produziu Abrigo nuclear (1981) e Césio 137 – O pesadelo de Goiânia (1987).
Festival itinerante
Em 2012, o festival ganhou o Brasil e o mundo. Mostras foram realizadas em várias cidades do país, assim como em Portugal e na Alemanha. Entre janeiro e fevereiro deste ano, o Uranium passou por várias cidades da Índia.
"O festival é a plataforma onde podemos discutir a questão da mineração do urânio e outros aspectos. A passagem pela Índia foi além das nossas expectativas, tivemos uma resposta muito boa e inesperada do público indiano", conta Shriprakash, cineasta e coordenador do festival no país.
Shriprakash participa da edição no Rio de Janeiro com o filme Buda chora em Jadugoda e com uma exposição fotográfica. Ambos revelam os efeitos devastadores da mineração de urânio na região indiana de Jadugoda.
O Uranium Film Festival vai até 26 de maio, quando serão anunciados os vencedores do troféu Oscar Amarelo, nas categorias melhor longa-metragem, melhor curta-metragem e melhor animação. Depois do Rio, ele segue para outras cidades do Brasil e para os Estados Unidos. Em setembro, a mostra passará por Munique, na Alemanha.