Em meio a alta de casos, Alemanha debate vacina obrigatória
26 de janeiro de 2022A Alemanha reportou nesta quarta-feira (26/01) um novo recorde de infecções diárias pelo coronavírus, com 164 mil casos de covid-19 em um dia. A cifra superou pela primeira vez a marca de 150 mil e ultrapassa em cerca de 50 mil o número de novos casos diários verificado há uma semana, que foi de 112.323, segundo números do Instituto Robert Koch, agência de prevenção e controle de doenças do país.
O ministro alemão da Saúde, Karl Lauterbach, alertou dias atrás que até meados de fevereiro o país pode atingir um pico de até 400 mil novos contágios em 24 horas.
Já as 166 mortes pelo coronavírus computadas nesta quarta-feira representam uma diminuição em relação aos 239 reportados há uma semana. A Alemanha totaliza desde o começo da pandemia 117.126 mortes em decorrência do coronavírus.
Nesta quarta-feira, o Bundestag (Parlamento alemão) debate pela primeira vez propostas de obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19.
Em dezembro, o Parlamento alemão aprovou a obrigatoriedade de vacinação contra a covid-19 para profissionais que trabalham na área da saúde, que começa a valer a partir de março.
Governo quer que iniciativa seja do Bundestag
O governo preferiu não apresentar projeto de lei próprio, já que a intenção é que a iniciativa parta do próprio Parlamento e que consiga o máximo respaldo de diversos grupos parlamentares, incluindo a oposição. Apenas o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) rejeita comp o plano de vacinação obrigatória.
As propostas em debate incluem exigir que todos os adultos sejam obrigados a se vacinarem contra a covi-19, ou apenas aqueles acima de 50 anos. Outro grupo de parlamentares propõe que não haja obrigatoriedade genérica de imunização e que aqueles que não se vacinaram recebam aconselhamento.
Vários apelos à realização de protestos em frente ao Reichstag, o edifício que é sede do Bundestag, antes e durante o debate foram distribuídos pelo serviço de mensagens Telegram.
Os opositores da vacinação obrigatória dizem que ela viola o artigo segundo da Constituição alemã, que garante aos cidadãos o controle sobre seus próprios corpos.
Resistência à vacina
Uma pesquisa do instituto Allensbach publicada nesta quarta-feira pelo jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung apontou quea parcela daqueles que podem se imaginar participando de protestos contra medidas anticoronavírus dobrou para 12% no período de um ano.
Atualmente, cerca de 73% da população alemã tem o esquema vacinal completo, e cerca da metade da população já recebeu a dose de reforço. No entanto, milhares de alemães se recusam a se vacinar. A meta do governo alemão era vacinar 80% da população até o final de janeiro, o que tem esbarrado na resistência de parte dos alemães.
O chanceler federal, Olaf Scholz, recentemente defendeu em discurso no Parlamento a obrigatoriedade da vacina. Pesquisas de opinião mostram que a maioria das pessoas no país apoia a iniciativa. No entanto, uma minoria barulhenta continua se manifestado contra.
md/lf (EFE, Reuters)