Em evento do PT, Dilma diz que modelo do partido "não se esgotou"
11 de fevereiro de 2014Em cerimônia para festejar os 34 anos de fundação do PT em São Paulo nesta segunda-feira (10/02), a presidente Dilma Rousseff respondeu a críticas de oposicionistas à economia e fez um balanço dos principais programas do governo. Sem mencionar nomes, ela classificou de "cara de pau" a avaliação de adversários de que o modelo do partido teria se esgotado.
"Agora, antes mesmo de serem capazes de assimilar direito a grande obra que nós realizamos, eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou, que o nosso modelo se esgotou, que nós demos o que tínhamos que dar", disse.
Diante de uma plateia de centenas de militantes e dirigentes do PT, Dilma defendeu que essa seria a opinião de "pessimistas". Segundo ela, essas afirmações seriam feitas pelos mesmos que, antes da posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, tinham anunciado uma "debandada gigantesca de empresários" do país.
"São os mesmos que, a cada crise internacional, diziam que o Brasil ia afundar. E, mesmo assim, nós enfrentamos e vencemos todas as crises até agora. Esses pessimistas agora aproveitam alguns desequilíbrios típicos de uma conjuntura internacional muito difícil para todos os países para dizer que o fim do mundo chegou. O fim do mundo chegou, sim, mas chegou para eles e isso faz muito tempo", afirmou, em meio a muitos aplausos e coros de "Dilma, guerreira, da pátria brasileira".
A petista também respondeu a declarações de líderes da oposição de que seu governo poderia "ter feito mais". "Nos governos sérios, como os nossos do PT, cada conquista assegurada é sempre só o começo. E porque eu acredito nisso, ninguém questiona mais o meu governo do que eu própria." Dilma acrescentou ainda que possui "energia e disposição redobradas para fazer mais".
Segundo o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o evento era um "chamamento da militância" e não o pré-lançamento da candidatura de Dilma à Presidência da República. "O partido vai aproveitar o momento festivo para conclamar a nação petista para a criação de uma corrente nacional em defesa da reeleição da presidenta."
Lula
O ex-presidente Lula não participou da festa de aniversário do partido, mas deixou uma mensagem de vídeo, exibido no evento, para delírio dos militantes, que cantavam "olê, olê, olá, Lula, Lula". O petista está em Nova York, nos Estados Unidos, para um encontro com o ex-presidente americano Bill Clinton.
Na mensagem, Lula ressaltou as conquistas do PT que, segundo ele, se tornou "o mais importante partido político de esquerda da America Latina, sem dogmas e democrático". Para ele, os militantes devem se orgulhar.
"Nenhum petista, por mais divergências internas que a gente tenha, deve deixar de se orgulhar pelo que nós construímos nesse país. As pessoas mais pobres ainda precisam de mais, porque nós não fizemos tudo que tínhamos que fazer. Apenas subimos alguns degraus", afirmou.
Candidato em São Paulo
O ex-ministro da saúde e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, esteve presente no evento. Em seu discurso, disse que a educação será uma das prioridades e que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) "perdeu a ousadia".
"São Paulo é um gigante, tem a força de um país, não cabe nele um governo lento, sem coragem, acomodado. Depois de 20 anos, os tucanos de São Paulo estão com a pilha fraca", disse.
O prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também compareceu à festa de aniversário e falou sobre a importância da vitória do partido no estado.
Adversários
Durante o evento, Falcão fez severas criticas aos possíveis adversários de Dilma nas eleições deste ano. Sem citar nomes, ele disse que os opositores realizam uma "campanha sórdida" contra o partido.
"Promovem verdadeiras ações de terrorismo psicológico, um enorme tsunami de boatos, esperando assim nos bater nas urnas. Porém, como de outras vezes, o eleitorado não vai se confundir, nem se deixar iludir", completou.
Falcão afirmou que os opositores são "farinha do mesmo saco" e os chamou de "neopassadistas" e "novovelhistas", por, segundo ele, se apresentarem como novidades. "São especialistas em mofo, pois gostam muito de usar esta palavra. Parecem doutores em bolor."
Ele também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) pelas condenações de membros do partido no julgamento do mensalão. "Somos obrigados, agora, a assistir ao absurdo de ver membros da mais alta corte do país que prejulgam insultando, suspeitam caluniando e agridem com uma gratuidade tão espantosa que parece estarmos vivendo em outro país. Uma corte não é um partido nem uma torcida organizada. Se começa a se transformar nisso, pode vir, até mesmo, a instaurar um novo tipo de terrorismo de Estado."
Na festa de aniversário, militantes estenderam um cartaz pedindo a anulação da Ação Penal 470 e repetiram o gesto do punho cerrado, usado por petistas presos pelo processo do mensalão, como José Dirceu e José Genoino.
Sobre o tema, Falcão concluiu: "O membro de uma corte não pode ter atitudes extremadas, inconsequentes e exacerbadas, pois, por sua própria natureza, o Poder Judiciário deve ser mais equilibrado e, muito especialmente, mais justo, como infelizmente não tem sido com nossos companheiros condenados no curso da Ação Penal 470."