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Dresden, a Florença do Elba

Cristiana Venera5 de março de 2005

Castelos, igrejas, coleções de tesouros. A ambição do príncipe Augusto, o Forte, transformou Dresden numa das mais belas cidades européias.

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Vista do centro histórico da capital da SaxôniaFoto: AP

Conta a história que a bela Anna Constantina de Cosel conheceu o príncipe Augusto, o Forte, quando passava por dificuldades em seu casamento. Ele logo a ajudou a deixar sua família e a transformou em sua cortesã oficial. Mais rápido ainda ela se tornou a condessa de Cosel, ganhou todos os benefícios de um membro da família real e o castelo de Pillnitz. Mas a sua sorte não durou por muito tempo. A condessa era inteligente e envolveu-se na política. Além disso, ela tinha posse de um documento que comprometia Augusto a casar-se com ela, assim que sua esposa falecesse. O príncipe, por sua vez, logo se interessou por outra beldade com menos ambições intelectuais e mandou a condessa para longe de suas vistas. Ela passou 49 anos encarcerada no castelo de Stolpen, onde faleceu em 1765.

Der goldene Reiter in Dresden
'Cavaleiro Dourado', símbolo do poder de Augusto, o ForteFoto: AP

A história da condessa de Cosel mais parece um conto de fadas, mas ela é mais um reflexo do poder com que Augusto, o Forte, exercia seu mandato. O príncipe governou Dresden entre os séculos 17 e 18 e nesse período sua força e astúcia política fizeram prosperar a cidade. Grande parte do seu atual glamour foi obra da sua ambição.

O centro histórico de Dresden, com o palácio Residenzschloss, as igrejas Frauenkirche e Hofkirche, o Zwinger e outras obras-primas da arquitetura, todos construídos por ordem de Augusto, encantam hoje até os antigos moradores da cidade cada vez que passam por ali.

Obras-primas reerguidas das cinzas

Destruída pelo bombardeio americano em fevereiro de 1945, Dresden foi em grande parte reconstruída, mas muito do tesouro cultural ficou perdido para sempre. A igreja Frauenkirche, construída entre os anos de 1726 e 1743, é considerada o símbolo da cidade. A sua ruína serviu de monumento contra a guerra durante quatro décadas. Somente em 1994 foi iniada a sua reconstrução e, no ano passado (2004), após dez anos de obras, foi concluído o seu exterior. As antigas casas civis foram substituídas por grandes blocos residenciais para suprir a demanda de moradia urgente e hoje esse blocos se misturam à paisagem nostálgica do centro histórico.

O palácio Residenzschloss foi sede do governo e residência dos príncipes da Saxônia do século 12 até o ano de 1918. Durante esse longo período ele passou por diversas reformas, uma completa reconstrução em 1701, em conseqüência de um incêndio, e após a destruição de 1945 foi novamente reconstruído, mas seu interior ainda permanece em obras, que devem ser concluídas no próximo ano (2006). O seu primeiro andar já é ocupado com algumas exposições raras. Uma delas reúne os tesouros de diversos reinados da Saxônia. Chamada Das Grüne Gewölbe, a coleção também foi criada por Augusto e é a maior e mais preciosa do gênero na Europa.

O Zwinger, considerado uma das maiores obras-primas aquitetônicas européias em estilo barroco, foi construído em 1710 para sediar os festejos da corte de Augusto. Hoje ele abriga preciosas coleções, como a de porcelana, que aliás também foi um dos feitos de Augusto. A seu encargo, cientistas tentaram desvendar o segredo da porcelana chinesa e tiveram sucesso. Para manter em segredo a descoberta, a manufatura da porcelana foi sediada na cidade de Meissen.

Além dos salões de relíquias, são realizados concertos e apresentações de balé no grandioso jardim interno do Zwinger, durante o verão, e entre suas majestosas colunas, músicos de rua encontram inspiração.

Dresden Die Semperoper
Ópera de SemperFoto: dpa

A Ópera Semper, em estilo neo-renascentista, foi construída entre 1870 e 1878 pelo arquiteto Gottfried Semper e é mais um dos símbolos da cidade. Destruída pelas bombas dos Aliados no final da Segunda Guerra Mundial, sua reconstrução foi finalizada em 1985.

Beleza natural

Construída às margens do Rio Elba e cercada pela floresta Heide, Dresden é conhecida como a Florença do Elba, devido à harmonia da sua beleza natural com a sua belíssima aquitetura.

De junho a setembro, as margens do rio ficam repletas de gente de todas as idades, que simplesmente deitam-se ali para tomar sol, relaxar apreciando a vista maravilhosa, ou aproveitam para fazer caminhadas e passeios de bicicleta. Na margem direita há uma praia, com cadeiras, barzinho e até coqueiro, onde se pode jogar vôlei de praia. Na margem esquerda é colocado um telão onde são exibidos filmes durante um mês.

Schloss Pillnitz
O castelo de Pillnitz abriga um museuFoto: dpa Zentralbild

A frota de barcos a vapor de rodas laterais, a maior e mais antiga do mundo, não pára. A todo instante saem barcos que levam os passageiros para conhecer os castelos que também ficam às margens do Elba. Num dos roteiros, que leva ao castelo de Pillnitz, um guia narra a história dos castelos até a chegada ao destino. Pilnitz, presenteado por Augusto à condessa de Cosel, que ali viveu por dois anos, foi residência de verão da corte durante muitos anos. Os jardins chinês e inglês e o museu de artesanato são algumas das atuais atrações do castelo. Ideal é reservar bastante tempo para fazer a visita, e conhecer também os arredores do castelo, os vinhedos e a igreja.

Cenário alternativo

Do outro lado do rio fica o bairro Neustadt. Menos imponente que o Altstadt – o centro histórico –, ele é o palco da vida noturna de Dresden, onde se concentram os bares e cafés. Ele compõe um quadro de atividades alternativas, com vários cinemas pequenos, lojinhas e uma galeria de arte – a Kunsthofpassage – que se destaca também por sua arquitetura, e onde se pode encontrar desde roupas até papéis artesanais. O bairro é também o preferido dos estudantes para morar e grande parte das casas e apartamentos são ocupados por jovens e estudantes.

Além dos vários cinemas, diversos teatros, museus e exposicões de arte fazem de Dresden uma das maiores metrópoles culturais européias. Apesar disso, Dresden é uma cidade pequena: com cerca de 500 mil habitantes ainda mantém uma atmosfera tranqüila. Outro aspecto positvo é que, ainda como herança da época socialista, em que fazia parte da Alemanha Oriental, Dresden permanece com preços mais acessíveis que outras capitais alemãs.