Documentário sobre Maria Bethânia no Festival de Locarno
3 de agosto de 2005O longa de 82 minutos procura reconstruir os passos de Maria Bethânia: desde a infância em Santo Amaro da Purificação até o lançamento dos últimos CDs. No percurso, depoimentos de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Miucha, Nana Caymmi. Entre as imagens, lembranças que vão sendo rememoradas em cenas de camarim pós-show até o aniversário de Dona Canô em Santo Amaro.
O que uma revista suíça chama de retrato "convencional" da artista, é salvo pela constatação de que "a voz de Bethânia, sozinha, já justifica qualquer tipo de reverência cinematográfica". Reverências são também encontradas dentro do filme por todos os que falam de Bethânia, sem poupar elogios. "A fricção entre o tudo e o nada. A voz de Bethânia é isso", diz Gil.
Do Rio a Santo Amaro
O título do filme vem das palavras da própria: "A música é como o perfume, nos deixando ver, sentir, vivenciar, lembrar e refletir". Para o público fora do Brasil , o documentário – que antes de Locarno passou pelo festival Visions du Réel, na França – é visto como uma forma de olhar a cultura brasileira, ou melhor, como uma "incursão no universo da canção brasileira", segundo um jornal italiano.
Dando direito a imagens clássicas do Rio de Janeiro superpostas ao som da voz de Bethânia, ao lado de entrevistas com outros músicos, cenas da cantora gravando em estúdio ou em suas duas casas no Rio e em Salvador. Além de visitas às raízes em Santo Amaro.
Em uma das seqüências, nos camarins do Canecão, Bethânia, Miucha e Nana Caymmi, depois de um show, relembram episódios da amizade entre as três, numa conversa pontuada por canções a capella. Em outra seqüência, Caetano reconstrói a história da família e fala do trabalho com Bethânia.
De Martha Argerich a Maria Bethânia
A trajetória do franco-suíço Georges Gachot contém vários trabalhos dedicados à música. Entre estes está um documentário sobre a pianista argentina Martha Argerich (cujos depoimentos integram também Nelson Freire, de João Moreira Salles – 2003). Gachot dirigiu ainda Petite histoire symphonique racontée par Anton Dvorák (1989) e Claude Debussy: Music can't be learnt… (2000).
Rogério Sganzerla e Kiko Goifman
O Festival de Cinema de Locarno deste ano – o último com Irene Bignardi na direção – traz ainda na sessão Cineastas do Presente o vídeo Atos do Homens – Work in progress, do brasileiro Kiko Goifman, além de dois trabalhos de Rogério Sganzerla (Linguagem de Orson Welles, de 1991, e O Signo do Caos, de 2003) dentro da retrospectiva que homenageia Orson Welles.