Ludwig 2º em Munique
13 de agosto de 2011Na Baviera, quanto mais se procuram pistas sobre o rei Ludwig 2º, mais complexa e misteriosa parece ter sido sua vida. Há anos, milhares de turistas visitam os três castelos do monarca: Linderhof, Herrenchiemsee e Neuschwanstein – que serviu de inspiração para o castelo da Cinderela do Walt Disney World, nos Estados Unidos. Mas é na capital bávara que se descobrem as facetas mais interessantes do "rei dos contos de fada".
Munique é o lugar em que Ludwig 2º nasceu em 1845, de onde reinou oficialmente e onde seu corpo foi sepultado. É também a cidade mais odiada que amada pelo monarca e da qual ele sempre tentou fugir. Mesmo assim, a capital da Baviera presta agora homenagens ao rei.
Para a secretária de Turismo, Gabriele Weishäupl, Ludwig 2º é um fenômeno mundial. Visitantes de todas as partes querem conhecer sua história. Muitos vêm da Ásia, dos Estados Unidos e também da Europa – especialmente da França, cujo rei Luís 14 e seu estilo de governo absolutista eram muito admirados pelo monarca bávaro.
A admiração era tanta que Ludwig 2º mandou construir uma réplica do palácio de Versalhes, o castelo Herrenchiemsee. Muitos detalhes da versão alemã, idilicamente situada sobre uma ilha densamente arborizada no lago Chiemsee, superam em tamanho e esplendor o modelo francês.
Sozinho na ópera
É difícil competir com o magnífico castelo de Herrenchiemsee. Mas Munique tem uma carta na manga: a residência no coração da cidade, em cujo telhado o rei mandou erguer um enorme jardim suspenso – do qual nada mais resta hoje, infelizmente.
Há ainda o castelo Nymphenburg, onde Ludwig 2º veio ao mundo. Quem tiver sorte, conseguirá ver um descendente do rei – o duque Franz da Baviera, atual chefe da tradicional família nobre Casa de Wittelbach – passeando com seu amado dachshund pela propriedade.
De lá, peritos em Ludwig 2º do departamento de turismo conduzem os visitantes à ópera municipal de Munique. Apaixonado por música, o rei foi um ardente admirador do compositor Richard Wagner, cujas óperas mandou executar, só para si, mais de 200 vezes. "Ludwig 2º sentava-se sozinho no camarote dos Wittelsbach na ópera, que permanece até hoje à disposição da família", relata a guia Gertrud Schaller.
Para criar um ambiente acústico adequado, soldados eram encarregados de simular o público. Não podiam virar-se em hipótese alguma, pois o rei queria ficar sozinho, sem ser observado. "Os soldados sempre dormiam durante o 'serviço'. Mas roncar era estritamente proibido", conta Schaller.
Túmulo fechado
Munique abriga também o túmulo de Ludwig 2º. A morte do jovem governante em 13 de junho de 1886, aos 41 anos, é um dos grandes mistérios sobre o rei bávaro. Até hoje não se sabe como e por que o monarca – destronado pouco antes – e seu psiquiatra, Bernhard von Gudden, morreram no lago Starnbergersee.
"Há inúmeras versões: assassinato, suicídio, o rei como assassino. E ainda: infarto por emoção após ter matado o próprio psiquiatra – o que não considero despropositado. As outras teorias são em parte muito fantasiosas", explica Weishäupl.
Ainda hoje, especialistas em Munique discutem as diferentes especulações. A princípio, os descendentes do rei não permitem que seu túmulo seja aberto para tentar desvendá-las.
Ao acompanhar a guia Schaller à cripta da igreja Michaelskirche, no centro da cidade, e ouvir suas explicações, logo se percebe que, 125 anos após a morte do monarca , história e mito, lenda e realidade são quase indissociáveis.
Schaller relata que o dia do enterro foi turbulento. Pouco depois da chegada do caixão à igreja, uma tempestade violenta desabou. "Sob raios e trovões, o rei Ludwig foi levado à sepultura. Um raio a atingiu e arremessou algumas pessoas contra a parede da igreja. Em seguida, veio um trovão incrível", conta a guia.
À margem do circuito oficial
Além dos locais oficiais, é possível visitar outros fora do circuito turístico. Nos últimos meses, o famoso hotel Deutsche Eiche, popular entre homossexuais, tornou-se um ponto de adoração ao rei da Baviera. O lugar abriga uma exposição sobre o monarca e um telão que mostra o clássico de 1972 Ludwig 2º, de Luchino Visconti.
Ao longo dos anos, Ludwig – amigo da imperatriz Sissi e noivo de sua irmã por um curto período – passou a interessar-se cada vez mais pelo sexo masculino. Mas, se esse era de fato um sinal de homossexualidade, isso permanece um dos muitos mistérios que o rei levou consigo para o túmulo.
Munique oferece, portanto, vários facetas de Ludwig 2º. Para todos, as incontáveis lojas de livros e suvenires, nas quais se encontram pratos, xícaras, adesivos, camisetas, chaveiros, figuras de porcelana e muito mais – tudo com o rosto do rei estampado.
Autor: Jochen Kürten (lpf)
Revisão: Roselaine Wandscheer