1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

De volta à era atômica?

fg / av22 de abril de 2006

Após Tchernobil, o consenso na Alemanha era claro: a energia termonuclear é insegura demais. Assim, o governo decidiu abandoná-la em 2000. Porém na era Merkel o assunto volta à baila.

https://p.dw.com/p/8IU8
Usinas nucleares são novamente 'in'Foto: picture-alliance/dpa

Atualmente ainda há mais de 400 reatores nucleares em atividade no mundo inteiro, responsáveis por 16% da energia elétrica. Nos 29 países mais ricos, pertencentes à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), essa percentagem é de 24%, alcançando até mesmo 33% na Europa. A maioria dos reatores – 103 – está situada nos Estados Unidos.

"A era da força atômica ainda não chegou ao fim", afirma Luís Echavarri, diretor da agência de energia nuclear da OCDE. Pode até mesmo ser que ela esteja vivendo um renascimento: "Em muitos países a energia atômica estava condenada a desaparecer. Porém isso mudou, e hoje ela é novamente interessante".

Há dois motivos para tal, segundo o diretor. Em primeiro ligar, o abastecimento energético do futuro precisa ser garantido, e a um preço razoável. Nos próximos 25 anos o consumo global crescerá 60%, o que exigirá todas as fontes possíveis.

Em segundo lugar, ficou claro nos últimos anos ser preciso tomarem-se providências contra o aquecimento climático global. As nações que assinaram o Acordo de Kyoto se comprometeram a emitir menos dióxido de carbono. "E uma das vantagens da energia nuclear é não produzir CO2", comenta Echavarri. Recentemente os EUA prolongaram o tempo de atividade de suas usinas termonucleares. A China pretende construir 20 novas instalações nos próximos 15 anos.

Prós e contras de um novo tipo de reator

Enquanto isso, no velho continente, a Finlândia e a França se decidiram a construir um novo tipo de dispositivo: o Reator Pressurizado Europeu (RPE).

Der Unglücksreaktor von Tschernobyl
O reator fatídico de Tchernobil (foto de 1994)Foto: AP

Alguns argumentam ser este o modelo mais seguro de todos os tempos. Dentre esses defensores está Thomas Schulenberg, do Centro de Pesquisas de Karlsruhe: "No caso do RPE, a meta foi que, mesmo no pior cenário possível, mesmo que tudo se destrua, a população em volta nada sofra".

Os fabricantes afirmam: a probabilidade de um acidente grave mantém-se na ordem de um para 10 milhões. Isso tornaria o RPE dez vezes mais seguro do que os o melhor modelo atual.

Outros especialistas são céticos: "As falhas que tem um reator de pressão hidráulica permanecem todas: um colapso pode ocasionar liberação maciça de radioatividade. E esse perigo o RPE não consegue excluir", declara Wolfgang Liebert da Universidade Técnica de Darmstadt.

Assunto volta à ordem do dia na Alemanha

Um outro problema: assim como a energia de origem fóssil, uma usina atômica precisa de matéria-prima.

O reator do tipo schneller Brüter (ou fast breeder – "produtor veloz": utiliza nêutrons rápidos no lugar de térmicos) produz seu próprio combustível. Com ele as reservas de urânio disponíveis durariam milênios, ao invés de décadas. A desvantagem está nos riscos que essa técnica envolve, rebatem as vozes críticas. Se ocorrer uma falha num schneller Brüter, ele explode como uma bomba atômica.

Finalmente há o lixo atômico a ser considerado, que irradia por centenas de milhares de anos. Também na Alemanha é altamente controversa a questão de como dispor dos detritos da produção termonuclear de eletricidade.

Uma coisa é certa: o país voltou a discutir a energia atômica, 20 anos após a catástrofe de Tchernobil. Uma parte continua considerando-a arriscada demais, enquanto outros querem se proteger de uma catástrofe climática, preferindo os riscos das usinas nucleares.