Davos premia duas firmas alemãs
27 de janeiro de 2003O Fórum Econômico Mundial em Davos, Suiça, reúne o primeiro escalão das maiores empresas do mundo. Nesse círculo exclusivo de global players, o faturamento anual mínimo é um bilhão de euros. No entanto, o fórum abriu uma exceção para 40 pequenas empresas de tecnologia, premiadas pelos produtos e serviços pioneiros que desenvolveram. Entre elas estão duas firmas alemãs: Impella Cardio, de Aachen e Cellzome, de Heidelberg.
Tecnologia de ponta a serviço da vida
Ambas atuam no setor Life Science, denominação que abarca qualquer tipo de aplicação científica destinada a melhorar a saúde ou a vida. Impella desenvolveu pequenas bombas cardíacas que tornam prescindível o uso de aparelhos externos. Elas podem ser usadas em operações cardíacas para implantação de pontes de safena, como explica o Dr. Rolf Käse: "A bomba que fabricamos exerce uma importante função de apoio. Colocada diretamente no coração, ela realiza o seu trabalho e alivia o órgão, que consegue recuperar-se em questão de dias. Depois, ela pode ser retirada e o coração torna a assumir plenamente a função de bombear o sangue".
O leque de produtos da Impella Cardio não fica por aí. Dentro de alguns meses será lançada no mercado uma nova microbomba sanguínea, de apenas quatro milímetros de diâmetro. O cirurgião pode colocá-la no coração através da artéria coronária, o que é de importância vital para aliviar o órgão, principalmente em caso de infarto.
A firma Cellzome, de Heildelberg, fez grandes avanços na pesquisa de medicamentos, conseguindo reduzir os efeitos colaterais de remédios através de manipulação das proteínas. Fundada em 2000, a empresa cresceu a ponto de contar hoje com 120 funcionários na Alemanha e na Grã-Bretanha. Na sua direção encontram-se corifeus como Peer Bork, fundador da Lion Bioscience, e quase toda a cúpula da Organização Européia de Biologia Molecular. A Cellzome deu um salto em seu faturamento, estando perto dos 20 milhões de euros.
Capital de risco disposto a investir em tecnologia
Isso parece confirmar a apreciação do júri do prêmio, de que é possível se ganhar dinheiro à base de pesquisas científicas em proveito da humanidade. Não faltam nem idéias nem dinheiro, diz Christian Reitberger, um dos organizadores de Davos, responsável pelo Fórum de Tecnologia. O que falta, segundo ele, é networking, isto é, possibilidades de contato entre os detentores do know how e os grandes do mundo da economia. Isto, o fórum na Suíça proporcionou ao convidar 40 empresas, que terão chance de conseguir o capital de que necessitam para expandir-se.
Segundo Reitberger, que trabalha para uma consultoria de capital de risco em Munique, já passou a época de inibição dos investidores, motivada pelas falências no Mercado Novo, o segmento de tecnologia da Bolsa de Frankfurt. Agora haveria muito dinheiro disponível para investimentos. O momento seria propício para sair em busca de capital, desde que se tenha uma boa idéia de negócios.
E se em Davos se trata de conversar sobre tendências promissoras e amarrar os grandes negócios, as 40 empresas encontraram ouvidos atentos. Entre elas está a Canesta, que desenvolveu um teclado de computador feito de holograma; a red-m, cujo principal produto é uma conexão bluetooth (sem fio) não suscetível a interferências, para uso em computadores médico-hospitalares, e também a Sonim, que oferece serviços de telefonia móvel no deserto.