Setor high-tech confiante
20 de dezembro de 2002Afetado pelo desaquecimento da conjuntura, o setor de telecomunicações, computadores, nova mídia e tecnologia da informação parece haver superado a crise, pelo menos é o que indicam as expectativas. "Reina um otimismo moderado frente a 2003. O setor não perdeu a coragem", segundo Willi Berchtold, vice-presidente da federação do ramo, a BITKOM.
Uma pesquisa por ela realizada revelou que 54% das empresas esperam aumentar seu faturamento no próximo ano e 28% contam com lucros estáveis. Uma verdadeira recuperação, contudo, só deverá acontecer em 2004. "Estamos ainda muito longe de voltar à euforia de antes", completou Berchtold, ao apresentar as perspectivas, esta semana, em Munique.
O ano mais difícil da história
- Após anos de grande crescimento, pela primeira vez as firmas de telecomunicações encerraram o ano fiscal com queda de faturamento. "Com 2002, deixamos para trás o ano mais difícil na história do nosso setor", avaliou o representante da BITKOM. O mercado alemão teve uma retração de 1,3% em 2002, totalizando 136 bilhões de euros.Em 2003, a federação deverá contar com um leve aumento dos negócios, da ordem de 0,4%, desde que as empresas não sejam sobrecarregadas com novos impostos e taxas - um recado às autoridades em Berlim, ultimamente à procura de soluções para encher os cofres do Estado.
Os segmentos mais dinâmicos
- Os serviços de internet e para celulares são os segmentos mais dinâmicos atualmente e, segundo Willi Berchtold, "o entusiasmo pela rede não tem fim". A indústria de software também conta com dias melhores em 2003, após a diminuição do faturamento este ano. Até mesmo os fabricantes de computadores e celulares - os mais afetados no ramo da alta tecnologia - estão igualmente com um otimismo moderado.Siemens saiu-se bem
- A Siemens, um dos maiores grupos de tecnologia de ponta da Alemanha, fechou o ano com um lucro de 2,597 bilhões de euros, mas isso devido, principalmente, à venda das ações no fabricante de chips Infineon. O faturamento diminuiu 3% no ano fiscal encerrado em setembro. Para Heinrich von Pierer, seu presidente, o clima de negócios "continuará difícil", pois "2003 será um ano de desafios". Não obstante, ele vê a Siemens "no bom caminho" e conta com uma melhora no segmento de celulares. A previsão é aumentar a parcela da marca alemã no mercado mundial de 7,8% para 9%.Poucos estudantes
- Uma das preocupações da BITCOM é quanto à diminuição do número de matrículas nas faculdades de informática. Este ano, iniciaram o curso 30 mil estudantes, 6.400 a menos do que em 2001. Apesar da crise momentânea, o futuro pertence às tecnologias de informação. "Quem começar hoje a estudar informática, terminará o curso no momento certo no mercado de trabalho", avalia o vice-presidente da BITCOM. Até mesmo em tempos difíceis como atualmente, uma em cada sete empresas não encontra os especialistas de que precisa.A BITKOM representa 1.300 empresas na Alemanha, com mais de 700 mil funcionários e um volume de 120 bilhões de euros de faturamento.