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Arquitetura: Da Bauhaus à Alemanha pós-guerra

1 de junho de 2007

Entre destruições e reconstruções, a arquitetura alemã do século 20 foi marcada por experiências racionalistas, nazistas, comunistas e democráticas. Durante este período, a Alemanha deu ao mundo grandes arquitetos.

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Cobertura em membrana acrílica do Estádio Olímpico de Munique
Cobertura em membrana acrílica do Estádio Olímpico de Munique, construído entre 1968 e 1972Foto: AP

O fim da Primeira Guerra Mundial marcou, na Alemanha, o início de um processo inflacionário cujo resultado foi a derrocada do mercado imobiliário. Afinal, que investidor privado estaria disposto a construir se os custos não poderiam ser calculados?

O resultado foram subvenções e uma política residencial estatal que caracterizou todo o século 20. Pela primeira vez na história, o direito a uma moradia decente tornou-se realidade para um grande número de famílias.

A "moradia para todos" era um dos direitos fundamentais da Constituição de Weimar, que instituiu a primeira república na Alemanha em 1919. Os métodos de produção e a arquitetura industriais influenciaram as construções da época.

Museu Bauhaus em Dessau
Arquitetura racionalista: luz e ar para todosFoto: picture alliance/imagebroker

O fato de o mercado imobiliário estar nas mãos de grandes cooperativas levou à construção de conjuntos habitacionais, cuja localização somente se tornava possível nas periferias das cidades. Diferentemente da habitação burguesa do século 19, não era mais a função social dos cômodos o fator determinante das plantas das habitações.

Tempos e movimentos no trabalho

A experiência industrial dos Time and Motion Studies (estudos dos tempos e movimentos no trabalho) traduziu-se em planta: quando a mulher chega em casa, ela vai primeiramente à cozinha, que fica junto à copa, e esta, por sua vez, está ligada à sala de estar da família. Em vez da compactação urbana do século 19, as novas moradias deveriam oferecer luz e ar para todos. Os antigos quarteirões foram substituídos por blocos soltos.

Apesar de a habitação ter se tornado o tema principal entre os arquitetos da época, o funcionalismo se sobrepôs à questão artística. A forma e o detalhe foram trocados pela estrutura amorfa. Era o início do modernismo na arquitetura, cujo racionalismo ficou conhecido como Neues Bauen (nova forma de construir) e culminou, poucos anos mais tarde, no International Style (estilo internacional), tão combatido pelos arquitetos pós-modernos.

"Comunismo e judaísmo internacional"

Por volta de 1910, Mies van der Rohe, Le Corbusier e Walter Gropius, considerados os pais do modernismo na arquitetura, trabalhavam todos no escritório de Peter Behrens em Berlim.

A experiência de Behrens nos trabalhos para a companhia elétrica berlinense AEG, para qual projetava desde o logotipo até os prédios da firma, influenciou fortemente o processo de industrialização da construção, decisivo para a superação do dilema artístico relativo ao novo estilo arquitetônico.

Gropius se tornaria mais tarde o primeiro diretor da Bauhaus – a mais importante escola de design e arquitetura do século 20. Fundada em Weimar em 1919, ela se mudou em 1925 para a sede racionalista projetada por Gropius em Dessau.

Após a transferência para Berlim por motivos políticos em 1932, então sob a direção de Mies van der Rohe, a escola foi fechada pelos nazistas em 1933. Para os adeptos de Hitler, modernismo era sinônimo de "comunismo" e "judaísmo internacional".

Casa projetada por Le Corbusier no Weissenhofsiedlung
Casa projetada por Le Corbusier no Weissenhofsiedlung: estilo reto e planoFoto: picture-alliance/dpa/F. Kraufmann

Um dos principais exemplos do Neues Bauen é a exposição de arquitetura no Weissenhofsiedlung em Stuttgart. Chefiados por Mies van der Rohe, 17 arquitetos de diversos países, entre eles Peter Behrens, Walter Gropius e Le Corbusier, desenvolveram projetos para a mostra de 1927. Mais de 500 mil pessoas visitaram, naquele ano, os 21 prédios da exposição de arquitetura, construída para se tornar um exemplo de morada para o homem moderno das grandes cidades.

Conjunto habitacional Weissenhof

Com plantas baixas flexíveis, os arquitetos da Bauhaus tentaram criar aí uma atmosfera saudável, plena de luz e ventilação. Em comum, estavam a superação do ecletismo arquitetônico, a junção da arquitetura com a vida e o emprego de novas técnicas e novos materiais. Sua arquitetura era cúbica e sem ornamentos. Um mínimo de forma deveria garantir o máximo de liberdade.

Weissenhof caiu em desgraça após 1933. Criticado pelos nazistas como uma "vergonha", "subúrbio de Jerusalém" ou "cidade de árabes", a Segunda Guerra lhe poupou a demolição. O conjunto habitacional foi restaurado nos anos de 1980 e recebe, anualmente, milhares de turistas. O mesmo aconteceu com o prédio de Gropius em Dessau: restaurado entre 1996 e 2006, o edifício da Bauhaus é, hoje, Patrimônio Cultural da Humanidade.

Urbanismo pós-guerra

As bombas da Segunda Guerra destruíram, principalmente, regiões de grande densidade urbana. Dos 18,8 milhões de moradias, 4,8 milhões foram completamente destruídos. Assim como em Berlim e Munique, o grau de destruição chegou a 50% em mais de 50 cidades alemãs. Em Colônia, Hamburgo, Nurembergue, Dortmund, Essen e Frankfurt, por exemplo, ele ultrapassou os 70%.

A reconstrução das áreas destruídas recusou, tanto na ex-Alemanha Oriental como na Ocidental, a alta densidade urbana. No oeste, a ideia dos blocos distribuídos em vias vicinais e principais – a "cidade orgânica" apropriada para automóveis – foi privilegiada. A antiga Alemanha comunista seguiu o padrão conservador dos quarteirões com imensos pátios, espalhados ao longo de um eixo monumental, como se observa em Eisenhüttenstadt, antiga Stalinstadt.

Plenário do Parlamento alemão em 1994 em Bonn
Sala do plenário de Bonn, de Günter BehnischFoto: picture-alliance/ dpa


O Parque Olímpico de Munique, projetado por Günter Behnisch e Frei Otto entre 1968 e 1972, é exemplo da arquitetura pós-guerra. Seu contraste com o Estádio Olímpico de Berlim, construído pelos nazistas para a Olimpíada de 1936, não é ocasional. Em vez do caráter apolíneo historicista do estádio de 1936, a Alemanha se abria a experiências arquitetônicas dionisíacas, como demonstra a estrutura em membrana acrílica que cobre como uma tenda o Estádio Olímpico de Munique.

Acompanhando o espírito modernista dos arquitetos da Bauhaus, Behnisch chegou ainda a construir, entre 1992 e 1993, a sala do plenário do antigo Parlamento alemão em Bonn. O prédio foi usado por poucos anos. Com a mudança da capital em 1999, o Parlamento retornou à antiga sede, o prédio do Reichstag, em Berlim.