Cyberbullying afeta uma em cada seis crianças, diz OMS
28 de março de 2024Seja físico ou psicológico, o bullying e outras formas de violência entre jovens não são novidade. Na verdade, as tendências gerais têm se mantido constantes ao longo do tempo.
Entretanto, um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado em 44 países da Europa, da Ásia Central e da América do Norte indica um aumento no cyberbullying — ou seja, o bullying praticado de forma virtual — desde 2018.
Publicado nesta quarta-feira (27/03), a pesquisa divulgada pela OMS/Europa identifica "a crescente digitalização das interações dos jovens" como uma das principais causas do cyberbullying.
Em um comunicado de imprensa, o diretor Regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, descreveu o relatório como "um alerta".
"Considerando que os jovens passam até seis horas online todos os dias, até mesmo pequenas alterações nas taxas de bullying e violência podem ter implicações significativas para a saúde e o bem-estar de milhares de pessoas", afirmou Kluge, enfatizando as autolesões e o suicídio como possíveis desdobramentos.
Principais descobertas do estudo
Os pesquisadores pediram aos participantes do estudo — adolescentes de 11, 13 e 15 anos — que relatassem seus comportamentos e experiências com o bullying.
Em geral, 15% dos adolescentes afirmaram terem sido vítimas de cyberbullying pelo menos uma ou duas vezes nos últimos meses (sendo 15% dos meninos e 16% das meninas). Isso representa cerca de um em cada seis crianças.
Cerca de 10% dos adolescentes relataram terem se envolvido em brigas físicas pelo menos três vezes nos últimos 12 meses (sendo 14% dos meninos e 6% das meninas).
Em média, um maior número de meninos do que de meninas admitiram praticar bullying pelo menos de duas a três vezes por mês durante "os últimos meses" (antes do momento da pesquisa).
E a incidência de casos de cyberbullying foi mais alta entre os adolescentes de 13 anos e "consideravelmente maior" entre os meninos em todas as idades.
Eles destacaram que, entre os meninos entrevistados, os de 15 anos na Lituânia apresentaram a maior probabilidade de praticar cyberbullying. Já entre as meninas, as de 13 anos na Romênia foram as mais propensas a se envolverem nesse comportamento.
Do lado das vítimas, cerca de um em cada dez meninos e meninas relataram terem sido vítimas de bullying na escola pelo menos duas ou três vezes por mês nos últimos meses.
Cyberbullying: Uma questão de gênero?
Os pesquisadores constataram que os meninos exibiram uma inclinação maior para a agressão e participação em brigas físicas em comparação com as meninas.
Tanto os meninos quanto as meninas revelaram uma prevalência semelhante de cyberbullying, mas com esse tipo de atitude aumentando entre as meninas de 11 e 13 anos.
Como o estudo define cyberbullying?
Os pesquisadores perguntaram aos jovens se eles haviam enviado (ou participado do envio de) "mensagens instantâneas maldosas, publicações em mural ou e-mails, ou compartilhado fotos ou vídeos online sem permissão".
Os autores observaram que, embora o bullying tenha sido "tradicionalmente" uma forma de violência entre colegas "presencial", as "formas virtuais de violência entre colegas tornaram-se especialmente relevantes desde o início da pandemia de covid-19, quando o mundo dos jovens se tornou cada vez mais virtual durante os períodos de lockdown".
Reduzindo o cyberbullying
Os pesquisadores afirmam que esperam que suas descobertas melhorem a compreensão do bullying adolescente na áreas abrangidas pelo estudo, possibilitando que especialistas "dirijam intervenções de forma eficaz".
Isso envolveria a implementação de "estratégias sensíveis ao gênero" para abordar e diminuir o problema do bullying, bem como programas destinados a promover a alfabetização digital, empatia e resolução saudável de conflitos.
"O sucesso depende da colaboração contínua de todos os interessados. Encorajamos indivíduos, famílias, escolas, comunidades e governos a trabalharem juntos para garantir que todos os adolescentes tenham ambientes seguros e de apoio para se desenvolverem", disse Joseph Hancock, do HBSC, à DW.