Crimes de motivação política aumentam na Alemanha
27 de maio de 2020Os crimes com motivação política aumentam na Alemanha, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (27/05) pelo ministro do Interior, Horst Seehofer, e pelo presidente do Departamento Federal de Investigações (BKA), Holger Münch. Os números sugerem que o aumento desse tipo de delito se deve, em grande parte, ao extremismo de direita, que se tornou a maior causa de crimes políticos no país.
A incidência de crimes de motivação política aumentou 14,2% em 2019, com 41 mil ocorrências, o segundo maior total registrado desde o início destes levantamentos em 2001. Dos crimes ocorridos no ano passado, 22,342 são atribuídos ao extremismo de direita, o que representa um aumento de 9,4%. Por outro lado, os delitos cometidos pela extrema esquerda aumentaram em 23,7%, com 9,849 casos.
"A maior ameaça, assim como no passado, é a ameaça da direita", disse Seehofer. "Os casos de motivação política de extrema direita são mais da metade dos registros desses crimes. Isso é de uma magnitude que nos gera preocupação, uma grande preocupação", ressaltou o ministro.
Os dados divulgados pela polícia mostram uma queda de 27% nos crimes de motivação religiosa. Isso se deve ao declínio dos delitos e ataques islamistas após a queda no apoio aos movimentos extremistas que se seguiu à derrota do "Estado Islâmico" na Síria e no Iraque.
Além disso, vários grupos radicais foram banidos nos últimos anos na Alemanha. Os crimes motivados por ideologias políticas estrangeiras também diminuíram, em 23,7%, e os de motivação religiosa caíram 27,5%.
Entretanto, a violência antissemita aumentou 13%, com 2.032 casos. Destes, 93% são atribuídos à extrema direita. Seehofer afirmou que os extremistas deixaram um "rastro de sangue" na Alemanha nos últimos anos. Ele relembrou o ataque a uma sinagoga na cidade de Halle, onde um atirador teve sua entrada bloqueada no local, mas matou duas pessoas nas proximidades.
Os ataques islamofóbicos tiveram um aumento de 4,4%, com 950 ocorrências. O ministro também mencionou o ataque ocorrido em fevereiro, quando um homem matou a tiros nove pessoas de origem migratória em Hanau e lembrou o assassinato de Walter Lübcke, um político da União Democrata Cristã (CDU) que apoiava as políticas migratórias do governo federal, morto em sua própria casa em junho de 2019.
A maioria dos crimes cometidos por extremistas de direita foram lesões corporais, enquanto a maior parte dos ataques incendiários é atribuída aos extremistas de esquerda.
As autoridades alertam que a epidemia de covid-19 acentuou as divisões, em um país onde as opiniões já vinham bastante polarizadas. Nas últimas semanas, algumas manifestações contra as restrições impostas pelo governo para conter a disseminação do coronavírus descambaram para a violência. "É assustador como a crise do novo coronavírus levou a novas formas de ódio", afirmou a ministra alemã da Justiça, Christine Lambrecht.
RC/ap/kna/afp
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