Crescem crimes envolvendo imagens de pedofilia na Alemanha
8 de novembro de 2021A Alemanha registrou quase o dobro de casos envolvendo imagens de abuso sexual infantil no primeiro semestre de 2021, comunicou no domingo (07/11) o chefe do Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA), Holger Münch.
Ele relatou à edição dominical do tabloide alemão Bild que, entre janeiro e julho de 2021, houve praticamente o mesmo número de casos que em todo o ano passado. "O número de denúncias que recebemos sobre esses crimes aumentou, e o número de investigações está crescendo", disse Münch.
"O aumento significativo [...] levará cada vez mais a polícia ao limite de seus recursos", alertou, acrescentando que o BKA provavelmente será convocado para "fornecer um apoio mais intensivo" à polícia dos 16 estados do país na luta contra crimes envolvendo imagens de crianças abusadas sexualmente.
Münch não divulgou números específicos para este ano, mas em 2020, o BKA registrou 18.761 casos – um aumento de quase 53% em relação ao ano anterior. O departamento investigativo citou mais de 2.600 casos cometidos na Alemanha que foram denunciados por uma organização de proteção à criança sediada nos Estados Unidos.
O BKA afirmou ter recebido em 2020 mais de 55.600 denúncias sobre possíveis atos criminosos relacionados à produção e distribuição de imagens que retratam o abuso sexual de menores.
Padre católico alvo de investigação
Os relatos de Münch foram publicados no mesmo dia em que foi revelado que um padre católico da cidade de Osnabrück, localizada no noroeste da Alemanha, está sendo investigado por supostos crimes envolvendo imagens de abuso sexual infantil.
Um porta-voz da Diocese de Osnabrück disse à agência católica de notícias KNA que o clérigo foi dispensado de sua função de forma imediata. O porta-voz relatou ainda que o padre havia informado o bispo pessoalmente sobre a investigação.
Plataforma na darknet derrubada
Em maio, a polícia alemã descobriu um dos maiores sites clandestinos do mundo para imagens de abuso sexual infantil, com mais de 400 mil usuários. Tratava-se da plataforma Boystown, que operava na chamada darknet – quatro pessoas ligadas à plataforma foram presas.
Em julho, a polícia identificou mais de 1.600 suspeitos após o compartilhamento em massa de material que mostrava cenas de abuso sexual de menores em grupos de bate-papo. A investigação resultou na identificação de suspeitos na Alemanha, Suíça, Áustria, França e EUA.
No ano passado, foi descoberta uma rede de sexo infantil que operava numa casa de veraneio na cidade de Münster, no oeste da Alemanha. O réu principal foi condenado a 14 anos de prisão em julho, enquanto sua mãe de 47 anos foi condenada a cinco anos por seu papel como cúmplice.
Outros três homens receberam sentenças que variam de 10 a 12 anos. Os homens filmaram suas agressões sexuais a crianças e colocaram na internet o que o juiz do caso, Matthias Pheiler, descreveu como "imagens horríveis e profundamente perturbadoras".
pv/ek (AFP, DPA, KNA, Reuters)