Coronavírus pode nunca ser erradicado, alerta OMS
14 de maio de 2020O coronavírus Sars-cov-2 talvez nunca seja erradicado, e as populações do mundo todo terão que aprender a conviver com ele, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (13/05), quando o número de mortos pela pandemia já se aproxima de 300 mil.
Enquanto alguns países começam a aliviar gradualmente as medidas restritivas impostas para conter o avanço do vírus, a OMS afirmou que existe a possibilidade de ele nunca ser totalmente eliminado. Surgido na China em dezembro de 2019, o Sars-cov-2 já infectou mais de 4,3 milhões de pessoas em 188 países e regiões, a maioria delas nos Estados Unidos e na Europa.
"Temos um novo vírus se inserindo na população humana pela primeira vez e, portanto, é muito difícil prever quando o venceremos", disse Michael Ryan, diretor de emergências da OMS, em coletiva de imprensa virtual em Genebra.
"É importante deixar isso claro: esse vírus pode se tornar apenas outros vírus endêmico em nossas comunidades, e pode nunca mais desaparecer", acrescentou. Como exemplo, ele mencionou que o HIV nunca deixou de existir, mas a humanidade aprendeu a lidar com o vírus.
Ryan reconheceu que o mundo demonstrou que a crise de covid-19 pode ser controlada, mas alertou que isso exigirá um "esforço maciço" de líderes e da sociedade, mesmo que uma vacina seja encontrada. Ele lembrou que vacinas existem para outras doenças que nunca foram erradicadas, como o sarampo.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentou: "A trajetória [do surto] está em nossas mãos, é um problema de todo mundo, e todos nós devemos contribuir para acabar com esta pandemia."
Na mesma coletiva, a epidemiologista da OMS Maria Van Kerkhove afirmou, por sua vez, que o mundo "precisa ter em mente que levará algum tempo até a pandemia acabar".
Mais da metade da população mundial foi colocada em quarentena desde o início da crise do coronavírus, que já dá sinais de alívio em vários países, em meio a quedas nas taxas de contágio. A OMS, contudo, pede cautela e alerta que não há como garantir que o relaxamento das restrições não desencadeará uma segunda onda de infecções.
"Muitos países gostariam de abandonar as diferentes medidas [de contenção]", disse Tedros. "Mas nossa recomendação é de que o nível de alerta em qualquer país seja o mais alto possível, e que todas as medidas tomadas sejam graduais."
Ryan acrescentou que ainda há um "longo caminho a percorrer" até o retorno à normalidade e insistiu que as nações mantenham seu curso no combate à pandemia.
"Existe um pensamento mágico de que as quarentenas funcionam perfeitamente e de que suspender as quarentenas ocorrerá de uma forma ótima. Ambos [pensamentos] são repletos de perigos", disse o epidemiologista.
Em alerta aos países preocupados com os impactos econômicos da pandemia, ele afirmou que, nesse sentido, seria pior sair do confinamento e ter de voltar a ele por falta de medidas de precaução.
EK/afp/rtr/ap/lusa
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