Coreia do Norte tem pior colheita em mais de uma década
6 de março de 2019A Coreia do Norte registrou em 2018 as piores colheitas em mais de uma década devido sobretudo a desastres naturais, falta de terra própria para a agricultura e métodos agrícolas ultrapassados, afirmou a ONU nesta quarta-feira (06/03).
O país sofre há anos uma grave escassez de alimentos por causa de problemas na sua agricultura e também em consequência das sanções da comunidade internacional, motivadas pelo programa nuclear e de mísseis do regime norte-coreano.
Segundo a ONU, as colheitas do ano passado somaram 4,95 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 500 mil toneladas ou de 9% em relação a 2017.
"É a menor produção em mais de uma década", afirmou o coordenador-residente da ONU no país, Tapan Mishra, salientando que a queda resultou numa grande escassez de alimentos.
Como resultado, 10,9 milhões de pessoas no país, ou 600 mil pessoas a mais do que no ano anterior, necessitam de ajuda humanitária. A Coreia do Norte tem 25 milhões de habitantes.
As Nações Unidas pedem 120 milhões de dólares para providenciar ajuda imediata a 3,8 milhões de pessoas em necessidade extrema, incluindo mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiências, afirmou Mishra.
A agricultura norte-coreana tem dificuldades para se desenvolver porque a Coreia do Norte não tem acesso às mais recentes tecnologias ou fertilizantes. O rendimento agrícola fica, por isso, muito abaixo da média global.
Por ser um país essencialmente montanhoso, apenas 20% da terra é adequada para o cultivo. A colheita de 2018 foi prejudicada por uma onda de calor prolongada, em julho e agosto, um tufão e enchentes.
Mishra disse que as sanções internacionais causaram atrasos no fornecimento de ajuda humanitária à Coreia do Norte e obrigaram grupos de assistência a reduzir suas operações no país.
Segundo ele, sem financiamento adequado, a única opção que restará para algumas agências será fechar projetos que salvam a vida de milhões de pessoas.
Sanções da ONU não se aplicam à ajuda humanitária, mas, segundo organizações de ajuda, interpretações rigorosas de algumas proibições fizeram com que a ajuda quase cessasse em 2018.
AS/efe/rtr/afp
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