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ViagemÁsia

Coreia do Norte passará a receber turistas em dezembro

15 de agosto de 2024

Empresas de turismo confirmaram que regime norte-coreano irá reabrir a fronteira para estrangeiros, após cinco anos de isolamento. Inicialmente, apenas a cidade de Samjiyon estará liberada para visitantes.

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Dezenas de pessoas com guarda-chuvas no centro de Pyongyang durante um dia chuvoso
Cidadãos de Pyongyang andam após ensaio para uma celebração durante conferência do Partido dos Trabalhadores na capital norte-coreana Foto: AP

A Coreia do Norte será reaberta ao turismo estrangeiro em dezembro, após quase cinco anos de fechamento das fronteiras devido à pandemia de covid-19, informaram duas operadoras de turismo especializadas na quarta-feira (14/08).

"Recebemos a confirmação de nosso parceiro local de que o turismo para Samjiyon e potencialmente para o resto do país será oficialmente retomado em dezembro de 2024", disse a Koryo Tours, com sede em Pequim, em seu site.

Samjiyon, perto da montanhosa fronteira norte da Coreia do Norte com a China, é uma cidade de entrada para o Monte Paektu, onde as narrativas oficiais dizem que o líder supremo Kim Jong Il nasceu - embora registros apontem que ele tenha nascido na antiga URSS.

A KTG Tours, também sediada na China, disse em sua página no Facebook que havia sido informada de que "os turistas poderão ir a Samjiyon (área do Monte Paektu) neste inverno".

"Até o momento, apenas Samjiyon foi oficialmente confirmada, mas acreditamos que Pyongyang e outros lugares também serão abertos", acrescentou.

As datas exatas ainda estão para ser confirmadas.

O atual ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, fez investimentos na região para atrair visitantes, com a construção de novos apartamentos, hotéis e uma estação de esqui, no que chamou de "utopia socialista".

A Coreia do Norte é considerada o país mais fechado do mundo. A dinastia Kim domina o país desde a sua fundação, em 1948.  

Segundo relatório da ONU, a ditadura possui um sistema "profundamente institucionalizado de trabalho forçado". A organização aponta casos em que a prática pode ser considerada escravidão, um crime contra a humanidade.

Kim Jong Un discursa diante de microfones, no palco, com a bandeira da Coreia do Norte do lado
Imagem fornecida pela agência estatal norte-coreana do líder Kim Jong Un, durante cerimônia para marcar a entrega de 250 lançadores de mísseis Foto: /kcna/kns/dpa/picture alliance

"Pode ser um pouco mais caótico que o normal"

 A Coreia do Norte fechou suas fronteiras no início de 2020 como uma medida para evitar a proliferação da covid-19. Até mesmo seus próprios cidadãos no exterior foram impedidos de voltar ao país por anos.

Antes da pandemia, o turismo na parte Norte da península era limitado. Segundo dados das empresas de turismo, aproximadamente 5.000 turistas ocidentais visitavam o país a cada ano.

Cidadãos americanos representavam cerca de 20% dessa fatia, até Washington proibir o destino após a prisão e posterior morte do estudante americano Otto Warmbier, em 2017.

Os sinais de que voltaria a receber turistas depois da pandemia começaram na segunda metade de 2023, com a retomada dos voos internacionais, o que permitiu que cidadãos retidos finalmente voltassem para casa.

Um grupo de turistas russos visitou o país em fevereiro de 2024, resultado da proximidade cultivada entre Moscou e Pyongyang.

A Koryo Tours alertou que, depois de quase cinco anos de hiato, os primeiros dias da retomada do turismo podem não ser muito tranquilos.

"Para aqueles que esperam visitar o país em uma das primeiras excursões, gostaríamos de enfatizar que as coisas podem ser um pouco mais caóticas do que o normal", disse.

O gerente geral da Koryo Tours, Simon Cockerell, disse na quinta que a abertura para turistas na área remota e extremamente fria em dezembro foi inesperada, mas "um passo positivo, com certeza".

"Fazer isso no extremo norte, no meio do inverno, é idiossincrático, mas a Coreia do Norte não é nada senão um lugar idiossincrático", disse.

"Eu alertaria contra a interpretação exagerada dessa abertura", disse Cockerell. "Não se trata necessariamente de uma mensagem para o mundo ou algo do gênero. É apenas uma abertura inicial lenta e pequena para reestabilizar um setor que já existia há décadas."

sf (AFP, Reuters)