Merkel: "Contato social deve ser evitado quando possível"
13 de março de 2020A chanceler federal alemã, Angela Merkel, pediu à população do país que restrinja o máximo possível os contatos sociais para conter a disseminação do coronavírus Sars-Cov-2 no país. Merkel se pronunciou na noite desta quinta-feira (12/03), após reunião com os governadores dos 16 estados federados alemães, na qual foram decididas medidas para coibir a difusão do patógeno causador da doença respiratória covid-19.
Merkel afirmou que "o contato social deve ser evitado sempre que possível" e pediu que todos os eventos com menos de mil participantes que não sejam realmente necessários sejam cancelados. "Esse é um apelo a todos", discursou. Até esta quinta, o governo alemão tinha recomendado cancelar apenas eventos com mais de mil pessoas.
Outra opção mencionada pela chanceler é o fechamento temporário de escolas e creches em estados especialmente afetados pelo coronavírus – mas por enquanto não se considera um fechamento generalizado de escolas e universidades, como aconteceu na Itália e na Polônia. Bélgica, França e Portugal também já decidiram por um fechamento geral das escolas.
Na Alemanha, uma possibilidade seria adiantar as férias da Páscoa, mas a concretização da medida dependerá de decisões dos governos estaduais. Os fechamentos deverão ser considerados principalmente nos estados onde há muitas pessoas infectadas. Universidades também poderão adiar o início do próximo semestre, dependendo da dinâmica de propagação da doença no país.
Diversos estados alemães já decidiram fechar escolas e creches a partir da próxima segunda-feira para desacelerar a propagação do coronavírus. Baviera, Baixa Saxônia e Sarre anunciaram que as instituições de ensino ficarão fechadas até o fim das férias da Páscoa. Na cidade-estado de Berlim, o plano é que as escolas do ensino secundário sejam fechadas, e as demais escolas e creches deverão encerrar as atividades de forma gradual. Na Renânia do Norte-Vestfália, as escolas deverão ser fechadas o mais tardar a partir da próxima quarta-feira, segundo a imprensa alemã.
Para Merkel, a situação do coronavírus, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira ser uma pandemia, é mais grave que a crise financeira de 2008. "É uma situação excepcional em todos os aspectos", disse a chanceler, que sublinhou se tratar de um desafio na área da saúde para o qual por enquanto nem a ciência nem a medicina tem respostas concretas.
A tarefa, segundo Merkel, é salvar vidas "tão bem quanto pudermos". "Situações excepcionais também exigem medidas excepcionais. Isso é bem mais que apenas uma pequena faceta no curso da história. É um corte [na história] que exige muito de nós", explicou.
Após a reunião, a chanceler também prometeu "amplas ajudas financeiras" do Estado para conter a crise. Os ministros da Economia, Peter Altmaier, e o das Finanças, Olaf Scholz, deverão apresentar medidas concretas nesta sexta.
Em comunicado divulgado depois do encontro, o governo alemão explicou que os hospitais alemães também deverão dar prioridade ao tratamento de pessoas infectadas com o Sars-Cov-2 em estado grave, que tenham necessidade de ser internadas numa UTI ou que precisem de aparelhos respiratórios.
A partir da próxima segunda-feira, todas as operações que podem ser planejadas e que não são urgentes deverão ser adiadas por tempo indeterminado. Os hospitais também deverão receber um bônus para cada leito de terapia intensiva necessário para o tratamento dos pacientes infectados. Os leitos serão providenciados e mantidos provisoriamente.
O governador do estado da Baviera, Markus Söder, afirmou que nenhuma clínica deverá ter prejuízos devido às medidas do governo, que valem até 20 de abril e serão reavaliadas nesta data. Os governos federal e estaduais também apelaram aos hospitais para que planejem um aumento no contingente de médicos e funcionários para tratar de pacientes em estado grave.
Na quarta-feira, Merkel fez o primeiro pronunciamento sobre a crise do coronavírus e suas consequências para o país, alertando que até 70% da população alemã podem contrair o coronavírus no longo prazo. Antes de se manifestar, ela chegou a ser criticada na imprensa pela demora em abordar a pandemia.
"Enquanto a economia alemã adota o cenário de crise e o país registra as primeiras mortes por coronavírus, a chanceler, até agora, se escondeu. Mas é preciso urgentemente uma liderança na confusão sobre o vírus!", escreveu o diário Bild.
A Alemanha é o sétimo país com maior número de pessoas infectadas pelo coronavírus, segundo a OMS e o Instituto Robert Koch (RKI), agência nacional de prevenção e controle de doenças. O país já registrou 2.369 casos e seis mortes devido ao coronavírus.
O patógeno já infectou mais de 132 mil pessoas e causou quase 5 mil mortes no mundo, de acordo com a OMS. O Brasil tem 77 casos confirmados pelo Ministério da Saúde, incluindo o secretário de Comunicação do governo federal, Fábio Wajngarten. Nenhuma morte ocorreu devido ao coronavírus no país.
RK/ots
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