De volta ao Kosovo
6 de novembro de 2010O Conselho Central dos Sintos e Roma na Alemanha apelou ao Ministério do Interior para que suspenda as planejadas deportações de ciganos roma para a província balcânica do Kosovo. O órgão representativo pede que seja concedida a cidadania alemã àqueles que chegaram ao país durante a guerra no Kosovo, na década de 1990.
O documento foi publicado na sexta-feira (05/11), concluindo uma rodada de discussões sobre o assunto, organizada em conjunto com a Rede Antiracismo na cidade de Heidelberg, sudoeste da Alemanha.
A rede internacional que abarca mais de cem organizações e o Conselho dos Sintos e Roma classificaram como "preocupante" a recente vitória eleitoral, em diversos países europeus, de partidos de extrema direita que agitam com palavras de ordem racistas contra ciganos e judeus.
Além disso, de acordo com os representantes da rede, o exemplo da França demonstra como políticos do alto escalão procuram desviar a atenção dos próprios problemas através de ataques contra minorias. Deste modo, "o pensamento racista" está se tornando "novamente comportamento de salão" na Europa, condenam os organizadores do encontro.
Mal entendido franco-alemão
As expulsões de nômades da etnia rom por Estados europeus ocupam as manchetes desde meados de 2010, quando a França começou a desbaratar acampamentos ciganos, devolvendo cerca de 8 mil naturais da Bulgária e da Romênia a seus países natais.
As operações deram origem a um confronto entre Paris e a Comissão Europeia, forçando Nicolas Sarkozy a defender publicamente sua política.
Em setembro, o presidente francês declarou que a premiê alemã, Angela Merkel, declarara apoiar as medidas e ter planos semelhantes. A premiê negou tal intenção e o assunto terminou por ser classificado por ambas as partes como um mal entendido.
"Repatriação gradual"
Na última quinta-feira (04/11), o Prêmio Nobel da Literatura Günter Grass declarou que, com as deportações em questão, a Alemanha está cometendo uma apavorante violação dos direitos humanos. O autor se dirigia ao ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, e às secretarias estaduais do Interior, através do website do jornal Die Welt.
Grass acentuou que as crianças de pais kosovares nascidas em solo alemão estariam expostas a um futuro de pobreza, sem qualquer acesso à educação, caso fossem repatriadas. Ao contrário da Bulgária e Romênia, o Kosovo não é membro da União Europeia.
Ao contrário da França, na Alemanha não há acampamentos roma, já que a maioria deles vive em residências financiadas pelo governo do país. Agora, porém, este recusou o visto de permanência a cerca de 8.500 nômades nascidos no Kosovo.
O ministro De Maizière afirma não estarem previstas deportações em massa, admitindo, entretanto, que se planeja uma repatriação gradual.
AV/dw/dpa
Revisão: Soraia Vilela