Copa e meio ambiente
18 de junho de 2010O novo estádio Moses-Mabhida chama a atenção na cidade sul-africana de Durban. Meses antes do início do Mundial 2010, o local já atraía turistas de todas as partes, maravilhados por sua arquitetura futurística. Mas não apenas por isso: o estádio também foi construído de acordo com rígidos padrões ecológicos, explica Nicci Diederichs. Há três anos e meio ela coordena, em Durban, o programa ambiental da Copa e se orgulha do estádio verde.
"Nosso foco principal foi o design ecológico, que potencializa a ventilação e a iluminação naturais. A intenção é evitar o uso de luz elétrica e do ar condicionado em Durban, uma cidade extremamente quente. Também procuramos saber quais equipamentos gastam mais energia no estádio", explica Diederichs.
Diferentemente do esperado, não são os holofotes em volta do campo que consomem mais energia, mas o refletores do lado de fora do estádio, que foram então reconstruídos de forma mais econômica. Além disso, criou-se um sistema de captação e reutilização de água da chuva.
Proteção ambiental rentável
Diederichs e sua equipe não se contentaram com um estádio verde. A 45 minutos, de carro do centro de Durban, uma área de 800 hectares está sendo reflorestada. Desde novembro de 2008 já foram plantadas 82 mil árvores, beneficiando o meio ambiente e os moradores da área.
"As pessoas plantam árvores e as vendem ao nosso projeto. Nós os auxiliamos a encontrar as sementes certas para a área. Eles plantam as árvores em casa e as vendem não por dinheiro, mas em troca de taxas escolares, aulas de direção e comida", explica Diederichs.
Assim como Durban, na Cidade do Cabo também há bastante preocupação com o meio ambiente. A Fundação Konrad Adenauer contribuiu desde o início, desenvolvendo com parceiros locais 41 projetos ambientais para a Copa do Mundo. Um dos planos é reativar uma nascente na Montanha da Mesa – um dos cartões postais da cidade – para irrigar a área ao redor do estádio verde.
Falta responsabilidade aos ciclistas
Outra proposta era a construção de um centro de informações sobre proteção ambiental. Um possível financiador seria o Instituto de Crédito para a Reconstrução (KfW), que conseguiu para os projetos da Copa um total de 10 milhões de euros em doações e 42 milhões de euros em créditos. Mas o financiamento fracassou por razões políticas.
Um dos parceiros do banco é o partido governista Congresso Nacional Africano (CNA), que votou contra projetos especiais na província do Cabo Ocidental, administrada desde as últimas eleições pelo partido de oposição Aliança Democrática.
Werner Böhler, presidente da Fundação Konrad-Adenauer em Johanesburgo, criticou a decisão. "Agora os 10 milhões de euros serão usados quase exclusivamente para a construção de ciclovias", afirmou. Para Böhler, as ciclovias – que soam como algo ecologicamente correto – são um investimento equivocado. Ele considera que aos ciclistas falta responsabilidade, que se deveria desenvolver, antes da construção das vias.
Cores unificadas para a coleta seletiva
Böhler aponta mais um problema na África do Sul: nem a Fifa nem o governo estabeleceram uma campanha ecológica com objetivos e atuação comuns a todo o país. Isto seria necessário, inclusive, a questões aparentemente banais, como a coleta seletiva.
Não há tradição de separar o lixo na África, o que torna imprescindível a utilização de cores unificadas em todo o país. "Se houver apenas uma etiqueta colada nas lixeiras, ou lixeiras de cores arbitrárias, as pessoas jogarão o lixo em qualquer uma delas", teme Böhler. "Tais parâmetros precisam ser estabelecidos em âmbito nacional."
Autor: Katrin Gänsler (lpf)
Revisão: Augusto Valente