Concurso de xixi contra o glifosato
14 de abril de 2016Cerca de 140 membros do Parlamento Europeu participaram nesta semana de uma espécie de concurso de xixi. O objetivo é detectar nas amostras anônimas de urina dos políticos quanto há de glifosato, o herbicida mais usado no mundo.
Com a iniciativa, parlamentares do Partido Verde pretendem pressionar os colegas diante de uma controversa votação sobre uma resolução pedindo que a União Europeia (UE) de retire a autorização à substância. Os parlamentares afirmam que estudos recentes relacionam o glifosato ao câncer e que, portanto, uma reaprovação do herbicida é arriscada demais.
"Queremos politizar todo o debate sobre o glifosato", diz Bart Staes, representante do Partido Verde da Bélgica. "Cidadãos comuns têm glifosato em seu organismo, em sua urina. Como políticos, queremos mostrar ao público em geral que nos atrevemos a fazer esses testes."
Controversa decisão
A resolução a ser votada no Parlamento Europeu não vinculativa. A decisão sobre se e como reautorizar o glifosato deve ser tomada pó um comitê de representantes dos governos dos 28 países-membros da UE.
No entanto, negar a reautorização poderia ter enormes impactos econômicos para agricultores. O glifosato é usado em produtos de gigantes como Monsanto, Syngenta e Dow.
Enquanto França e Itália se opõem à reaprovação, o Reino Unido defende uma reautorização completa. A Alemanha ainda não assumiu uma posição, mas memorandos vazados indicam que o governo está inclinado a aprovar o glifosato. Recentemente, o herbicida foi encontrado em cervejas alemãs.
Se não se chegar a um consenso, a decisão final caberá à Comissão Europeia, que deve tomá-la antes que a atual licença de 15 anos expire, no próximo dia 15 de junho.
Os parlamentares do Partido Verde também pressionaram outras instituições europeias a entrarem no concurso de xixi – uma brincadeira com o conceito de pissing contest, em inglês, no qual homens competem para ver quem consegue urinar mais alto, mais longe e com mais precisão. Nesta semana, os políticos enviaram uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pedindo que ele fornecesse uma amostra de urina.
Representantes do Partido Verde afirmam que a UE deveria adotar o "princípio da precaução", segundo o qual riscos deveriam ser evitados ao não assumi-los. "Acreditamos que não tem sentido reautorizar o glifosato por mais 15 anos, e o debate no parlamento é sobre isso", afirma Staes.