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EUA acionam Guarda Nacional para conter coronavírus

11 de março de 2020

País vê casos quase dobrarem em um dia. No estado de Nova York, militares devem ajudar no combate à covid-19. Governadores declaram emergência e vetam grandes eventos. Escolas e universidades mandam alunos para casa.

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Mulher com máscara caminha no distrito financeiro de Nova York
Pequena cidade a 40 quilômetros de Nova York concentra maioria dos casos no estadoFoto: Reuters/B. McDermid

Enquanto o surto do novo coronavírus retrocede na China, casos de infecção se multiplicam em outras partes do mundo. Nos Estados Unidos, o número de casos passou de mil na noite desta terça-feira (10/03), com a explosão de casos no leste e no oeste do país causando alarme.

O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou que a Guarda Nacional será acionada para combater o vírus. Militares deverão ajudar a manter espaços públicos limpos e entregar alimentos para pessoas em quarentena em casa na zona de contenção em New Rochelle, a cerca de 40 quilômetros da cidade de Nova York.

Cuomo afirmou que três escolas e outros locais de reunião serão fechados por duas semanas na área, considerada o epicentro de um surto com mais de 100 casos. Uma sinagoga foi ligada a algumas das infecções.

"É uma ação dramática, mas trata-se da maior concentração de casos no país", disse Cuomo. "Os números estão subindo sem parar, e precisamos de uma estratégia especial de saúde pública."

As autoridades não divulgaram quantos membros da Guarda Nacional serão acionados. Com exceção das pessoas colocadas em quarentena, residentes e visitantes de New Rochelle, cidade com 79 mil habitantes, poderão circular livremente, e o comércio seguirá aberto.

A maioria dos mais de 170 casos de covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus, diagnosticados no estado de Nova York estão em New Rochelle e no condado de Westchester, onde está localizada. A cidade de Nova York, com uma população 100 vezes maior que a de New Rochelle, tem 36 infecções confirmadas.

Segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins, o número de casos do coronavírus nos Estados Unidos quase dobrou em um dia, passando de 550 para 1.039 na manhã desta quarta-feira. A doença respiratória covid-19 já levou à morte de 28 pessoas no país, uma em Nova Jersey, duas na Flórida, duas na Califórnia e ao menos 24 no estado de Washington.

Uma casa de repouso nos arredores de Seattle é considerada o epicentro do surto no estado de Washington, onde autoridades afirmam que o vírus se espalhou para ao menos dez outras instalações do tipo. A maioria das mortes em decorrência da covid-19 no estado foi registrada na região metropolitana de Seattle.

Nesta quarta-feira, o governador de Washington, Jay Inslee, deve anunciar a proibição de eventos com mais de 250 pessoas na região metropolitana de Seattle para tentar conter o avanço do surto, adiantou uma fonte ouvida pela agência Associated Press. A medida não deve incluir o fechamento de locais de trabalho ou escolas.

Em Massachusetts, o número de infecções pelo coronavírus saltou de 51 para 92 em um dia. Cerca de 70 dos casos foram ligados a uma conferência realizada no mês passado num hotel de Boston. O governador do estado, Charlie Baker, declarou estado de emergência.

Médico com máscara empurra paciente com máscara sobre maca nos EUA
Coronavírus já causou a morte de 28 pessoas nos EUA, a maioria no estado de WashingtonFoto: Reuters/L. Wasson

A Califórnia anunciou nesta segunda-feira que estão proibidos eventos com mil pessoas ou mais. O festival de música de Coachella, que atrai milhares de pessoas ao estado a cada abril, foi adiado para outubro. Milhares de passageiros permanecem retidos a bordo de um navio de cruzeiro na costa do estado, aguardando sua vez de desembarcar e ficar em quarentena.

Escolas pelo país mandaram alunos para casa, e universidades esvaziaram suas salas de aula e começaram a oferecer cursos online. "É assustador", disse Silvana Gomez, estudante de Harvard. Ela e os colegas receberam a instrução de deixar o campus até o próximo domingo. "Estou realmente muito assustada com o que pode acontecer nos próximos dias e semanas."

As Nações Unidas anunciaram que vão fechar sua sede em Nova York ao público. Em Las Vegas, uma das maiores operadoras de hotéis, a MGM Resorts International, disse que fechará todos os bufês em seus cassinos da cidade por precaução.

O coronavírus também afetou a corrida à Casa Branca. Os pré-candidatos à Presidência Bernie Sanders e Joe Biden cancelaram eventos de campanha devido ao vírus. A campanha de Sanders afirmou que os compromissos futuros do político serão avaliados caso a caso.

Por enquanto, a equipe do presidente Donald Trump afirmou que sua campanha à reeleição vai prosseguir normalmente, mas o vice-presidente, Mike Pence, disse que comícios futuros serão analisados a cada dia.

O número de infecções pelo coronavírus, batizado de Sars-Cov-2, passa de 118 mil no mundo, com quase 4,3 mil mortes. A China, onde teve início o primeiro surto, continua sendo o país mais afetado – com mais de 80 mil mortes e 3,1 mil mortes –, mas as autoridades disseram que apenas 24 novos casos foram registrados nesta quarta-feira. O país agora vem registrando casos importados. Em Pequim, todos os novos casos registrados nesta quarta vieram de fora da China, um dos EUA e cinco da Itália.

A Itália é o segundo país mais atingido pelo coronavírus, com mais de 10 mil casos e 631 mortes, 168 registradas apenas nesta terça-feira. Para conter o surto, o governo italiano impôs restrições ao deslocamento de todos os mais de 60 milhões de habitantes do país.

LPF/afp/ap

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