Luta contra a corrente
9 de julho de 2011Após o sinal verde do Eurogrupo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) liberou nesta sexta-feira (08/07) 3,2 bilhões de euros de ajuda financeira para a Grécia. A decisão da organização sediada em Washington já era esperada. No mês de julho, o país deverá receber mais de 12 bilhões de euros da UE e do FMI, como parte do pacote de ajuda de 110 bilhões de euros, aprovado em maio de 2010.
A presidente do FMI, Christine Lagarde, elogiou Atenas pela redução de seu déficit público e pela melhora da competitividade nacional. O parlamento grego aprovara medidas de poupança totalizando 28 bilhões de euros, assim como a venda de propriedades estatais avaliadas em 50 bilhões de euros. Ambos eram pré-condições para a concessão da próxima parcela do pacote.
Entretanto, Lagarde não deixou de ressalvar que, "diante das importantes reformas estruturais a serem implementadas, ainda restam consideráveis desafios" para Atenas.
Segundo presente de grego
Atenas necessitava urgentemente desses recursos, sem os quais estaria insolvente já em meados de julho. Tendo recebido até o momento um total de 65 bilhões de euros de ajuda, a Grécia foi o primeiro Estado europeu a recorrer à ajuda financeira internacional. Seguiram-se a Irlanda (85 bilhões de euros) e Portugal (78 bilhões de euros).
Em longo prazo, contudo, os gregos não poderão passar sem um segundo pacote de resgate financeiro, do qual, desta vez, também deverão participar bancos e outros credores privados. Segundo fontes francesas, o pacote em questão deverá ser definido até setembro.
Um diplomata da União Europeia também confirmou esse cronograma ao periódico financeiro alemão Handelsblatt: durante o próximo encontro dos ministros das Finanças da UE, na próxima segunda-feira, "apenas se estabelecerá a sequência de medidas para o período após a pausa de meio do ano".
Citando fontes diplomáticas da UE, o Handelsblatt acrescentou que a participação do setor privado no novo pacote para Atenas se limitará a cerca da metade do que fora originalmente planejado. Bancos, seguradoras e outros investidores privados da Europa contribuirão com, no máximo, 15 bilhões de euros de apoio ao país seriamente endividado.
De volta à dracma
Na opinião de Hans-Werner Sinn, presidente do instituto de pesquisa econômica IFO, sediado em Munique, a Grécia deveria abandonar a moeda comum europeia e retornar à dracma. Como comentou ao semanário Wirtschaftswoche, para readquirir competitividade, o país precisaria ficar de 20% a 30% mais barato, meta que dificilmente alcançará aferrando-se ao euro.
"Os políticos que creem que a Grécia pode se recuperar através de medidas de redução de gastos públicos, subestimam os perigos; e os que creem que ela possa recuperar a competitividade com novas verbas, desconsideram que o dinheiro absorve a pressão de adaptação e mantém o déficit da balança comercial, o que inevitavelmente redunda numa 'união de transferência de solvência'", em oposição à original união monetária, criticou Sinn.
AV/afp/rtr/dpa
Revisão: Francis França