Colônia prepara-se para receber papa e 800 mil jovens
7 de agosto de 2005Há mais de dois anos, a Igreja Católica alemã prepara a 20ª Jornada Mundial da Junventude (JMJ), que acontece de 15 a 21 de agosto, em Colônia, Bonn e Düsseldorf. O evento, idealizado pelo falecido papa João Paulo 2º, marca a primeira visita do pontífice alemão Bento 16 ao seu país e, não só por isso, é considerado um desafio sem igual para as autoridades de segurança.
Os números são de causar medo em quem não gosta de grandes aglomerações humanas. Cerca de 400 mil jovens católicos de 189 nações, além de 750 bispos e 6500 jornalistas de todo o mundo, já confirmaram sua presença. "O número de peregrinos deve dobrar ao longo do encontro e chegar a 800 mil na missa de encerramento com o papa", disse o porta-voz da JMJ, Mathias Kopp, em entrevista à DW-WORLD.
Cerca de 120 mil católicos estrangeiros entre 16 e 30 anos de idade já chegam à Alemanha esta semana, para participar dos chamados "dias de encontro" nas 26 dioceses, de 11 a 15 de agosto. Do Brasil, são esperados cerca de 2,5 mil participantes.
Preocupação com a segurança
Desde o início do planejamento, os responsáveis pela logística do megaevento colocaram a segurança entre suas prioridades. Junto com a polícia e o serviço secreto alemão montaram um esquema para proteger a multidão e o papa, prevendo a mobilização de mais de 12 mil policiais, bombeiros e profissionais especializados em primeiros socorros.
Um contingente de 3700 policiais da Renânia do Norte-Vestfália, que forma a base da operação, receberá um reforço de 1500 colegas de outros Estados alemães e até de Portugal, Espanha, Itália, Polônia e França, países de onde deve vir o maior número de peregrinos estrangeiros.
Como ocorreu na última visita do presidente norte-americano George W. Bush a Mainz, em Colônia também as bocas de esgoto nas ruas por onde passa o papa serão seladas a solda. Bento 16 estará na cidade de 18 a 21 de agosto e, além de participar da JMJ, terá encontros com líderes políticos e religiosos. Nesse período, o espaço aéreo sobre a cidade estará parcialmente interditado.
Caos no trânsito
A população de Colônia, Bonn e Düsseldorf também terá de conviver com um caos no trânsito. Em determinados horários, algumas ruas e pontes sobre o Reno serão interditadas. "Vamos revistar também mochilas e bolsas de pedestres, mas só na base de amostras", disse Kopp. Desde os ataques a Londres, a segurança tornou-se um tema ainda mais central, acrescentou o diretor de polícia de Colônia, Klaus Steffenhagen.
"A Igreja e as autoridades alemãs partem do princípio de que não haverá ataques terroristas, ainda que o papa seja um potencial alvo. Mas é impossível oferecer uma garantia de 100% de que isso não vá ocorrer", declarou Kopp à DW-WORLD.
Ele disse temer, sobretudo, "a alucinação religiosa de certos peregrinos, que supostamente receberam a missão divina de apertar a mão do papa. Como os invasores de campo no futebol, estes são capazes de romper qualquer cordão de segurança e pregar o maior susto".
Um fator considerado absolutamente incontrolável – acrescenta Kopp – seria um pânico provocado na multidão por algum imprevisto, por exemplo, pela ameaça de uma tempestade durante a missa campal de domingo (21/08), em Kerpen, próximo de Colônia.
"Fé e comércio"
O maior dilema das autoridades é encontrar um equilíbrio entre o máximo de segurança possível e o desejo do papa de ter um contato direto com seus conterrâneos e os jovens católicos de todo o mundo. "Diante disso, garantir a segurança nos estádios durante a Copa 2006 será uma tarefa de rotina para a polícia", compara o jornal Kölner Stadt-Anzeiger.
Apesar do esquema de segurança máxima, Kopp espera que os jovens possam "celebrar uma festa da fé". E os setores de comércio e turismo das três cidades prevêem que nem todos vêm só para rezar, mas também para fazer compras e conhecer a Alemanha.
"A catedral e o Reno como símbolos marcantes da atividade turística da Renânia serão mostrados em mais de 160 países, através de 10 mil artigos de jornal e 430 mil horas de transmissão pela TV", alegra-se Michael Maletz, diretor-executivo da Sociedade de Marketing de Colônia.