Encontro mundial reunirá 800 mil jovens católicos
9 de janeiro de 2005Cerca de 280 representantes da Igreja católica de 89 países e funcionários do Vaticano preparam, neste fim de semana (06 a 09/01), em Bensberg, perto de Colônia, a 20ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontece de 16 a 21 de agosto de 2005, na Alemanha. "É como se fosse um mini-concílio, onde discutimos tanto aspectos religiosos quanto logísticos do encontro que deverá reunir 800 mil jovens, 600 bispos e quatro mil jornalistas em Colônia", diz o assessor de imprensa da JMJ, Mathia Kopp.
A Igreja Católica brasileira deverá ser representada por cerca de dois mil jovens e algumas dezenas de bispos, padres e religiosos, diz Angela Maria Falquetto, assessora de Pastoral da Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A maioria vem através dos movimentos eclesiásticos, como Focolare, Catecumenato, Renovação Carismática e congregações, e pretende participar do intercâmbio com paróquias alemãs, previsto para o período de 11 a 15 de agosto.
Segundo Falquetto, no encontro de 2000, em Roma, o Brasil esteve presente com quatro mil participantes. "A CNBB repassa as informações e mensagens da JMJ para cerca de 35 mil grupos de jovens no Brasil, mas não pode subsidiar a viagem à Colônia", diz. O pacote para os brasileiros, incluindo passagem, hospedagem e alimentação, custa em torno de 900 dólares.
Falquetto acredita que a JMJ na Alemanha será "uma experiência fantástica para os participantes. Mas o encontro tem de ter a cara e o jeito da juventude nos diferentes países e não virar uma plataforma de promoção do papismo". Ela e outros representantes da América Latina estranharam a ausência de jovens na missa de abertura da conferência deste fim de semana, na catedral de Colônia. "A Igreja parece distante dos jovens", diz.
É justamente isso que o presidente da Conferência dos Bispos Alemães (CBA), cardeal Karl Lehmann, pretende mudar. "Estou convicto de que a JMJ dará um novo impulso à Igreja alemã. A Igreja mundial nos visita e nós temos a chance de mostrar nossa hospitalidade e a diversidade da vida comunitária nas 27 dioceses alemãs. A solidariedade internacional, que nós sempre pregamos, também será um tema central do encontro, ainda mais depois da catástrofe no Sudeste Asiático", disse à DW-WORLD.
Lehmann diz que a motivação da juventude alemã é grande, "como mostra a participação nas romarias com a cruz da JMJ". Essa cruz, entregue à juventude católica em 1983 pelo papa João Paulo II, é um símbolo da JMJ. Ela circulou pelos países europeus, de abril de 2003 a abril de 2004, e desde então percorre as dioceses alemãs. De 8 de julho a 15 de agosto será carregada numa romaria a pé de Dresden até Colônia.
Hospedagem e custo de 100 milhões de euros
Um dos maiores desafios dos organizadores é garantir a segurança e encontrar hospedagem para todos os participantes. Nos dias de encontros internacionais nas dioceses, cerca de 250 mil estrangeiros precisam ser acolhidos por famílias alemãs. "Cerca de 1600 grupos de paróquias irmãs no exterior já anunciaram que vêm à JMJ. Só com a ajuda particular, do governo, dos patrocinadores conseguiremos manter os custos dentro do limite previsto de 100 milhões de euros", disse à DW-WORLD o bispo Franz Josef Bode, da Comissão para a Juventude da CBA.
Em toda a Alemanha ainda estão sendo procuradas famílias anfitriãs. Até o Carnaval de Colônia deste ano refere-se à JMJ em seu slogan "Colônia e as crianças de todo o mundo". "É a melhor propaganda que poderíamos ter", disse o arcebispo de Colônia, Joachim Meisner, ao vistoriar o carro alegórico preparado para o desfile de 7 de abril de 2005.
A previsão é de que 400 mil jovens se inscreverão para a programação completa da semana da JMJ (16 a 21 de agosto) na região de Colônia. A maioria deles ficará em hospedagens coletivas (escolas, ginásios de esporte, casas paroquiais) e aproximadamente 80 mil em casas dos moradores da cidade e arredores. Pessoas não inscritas também podem participar dos eventos, mas precisam arranjar hospedagem por conta própria.
Nos seis dias do encontro, estão previstos eventos religiosos e culturais em cerca de 300 igrejas e outras instituições de Colônia, Bonn e Düsseldorf. Próximo dos locais desses eventos serão distribuídas cerca de sete milhões de refeições aos participantes.
Os pontos altos da JMJ deverão ser a vigília, na noite de 20 de agosto, e a missa de encerramento, no dia seguinte, ambos a céu aberto, com a presença do Papa, em Frechen, a 17 quilômetros de Colônia, com a participação prevista de 800 mil jovens.
Para o atendimento aos visitantes, estão sendo recrutados 20 mil voluntários de todo o mundo. No escritório da JMJ em Colônia, já se pressente um pouco da internacionalidade do encontro: 40 voluntários de diversos países prestam informações em diferentes línguas. "Só na central telefônica teremos 80 colaboradores permanentes e 116 de longo prazo", diz Matthias Kopp.
Uma história de sucesso em números
A Jornada Mundial da Juventude, realizada desde 1984 a convite do papa João Paulo II, é aberta a jovens de todas as religiões. Os maiores encontros até agora foram:
Data / Local / Paticipantes
2000 - Roma/ Itália: dois milhões
1997 - Paris / França: um milhão
1995 - Manila / Filipinas: quatro milhões
1993 - Denver/ EUA: 700 mil
1991 - Czestochowa / Polônia: 1,5 milhão
1989 - Santiago de Compostela/ Espanha: 600 mil
1987 - Buenos Aires / Argentina: um milhão
1984 - Roma / Itália: 300 mil