Colômbia suspende negociação de paz com as Farc após sequestro de general
17 de novembro de 2014O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, interrompeu as negociações de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) nesta segunda-feira (17/11), horas depois de os guerrilheiros terem sequestrado um general do exército numa área de selva no oeste do país. A medida deixa suspenso o processo de paz, iniciado em novembro de 2012 com o objetivo de pôr fim ao conflito de 50 anos.
Santos atribuiu o crime às Farc e mandou cancelar a viagem que delegados do governo fariam nesta segunda-feira a Cuba, onde iniciariam um novo ciclo do diálogo com o grupo. "Essa negociação está suspensa até que [o caso] seja esclarecido e se libertem essas pessoas", disse Santos após uma reunião com o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, e altos comandantes militares.
O oficial sequestrado, o general Rubén Darío Alzate, é comandante da Força de Tarefa Conjunta Titán, que opera no departamento de Chocó. Ele se tornou o militar de mais alta patente capturado pelas Farc na história recente. Alzate havia entrado na zona de selva como civil, sem escolta e sem obedecer medidas de segurança.
O ministro da Defesa revelou que o general, no comando de uma unidade estratégica que combate as Farc por terra, rios e pelo ar, havia partido em um barco para uma vila próxima à cidade de Quibdo, para monitorar um projeto energético, e foi sequestrado por guerrilheiros ao desembarcar. Junto com Alzate, foram capturados um suboficial e uma advogada. Um soldado que estava dirigindo o barco fugiu e avisou as autoridades.
Santos pediu que as forças militares intensifiquem todas as operações necessárias para resgatar o general e seus dois companheiros, bem como a instauração de um inquérito para determinar por que ele viajou para a área violando os protocolos de segurança.
Na semana passada, um incidente semelhante foi relatado. Dois soldados foram dados como desaparecidos após um confronto com as Farc na província de Arauca, na fronteira com a Venezuela, e, dias depois, a guerrilha confirmou em comunicado a "retenção em combate" dos militares.
Esta não é a primeira vez que a negociação de paz em Cuba sofre uma crise. Em agosto de 2013, as Farc declararam uma pausa para analisar uma proposta do governo, mas o diálogo foi retomado horas depois.
As delegações do governo e as Farc chegaram a acordos preliminares em três dos cinco pontos da agenda, referentes ao desenvolvimento agrícola global, à participação dos guerrilheiros na política e à luta contra o narcotráfico. Atualmente, as partes discutem sobre as vítimas e a reparação a elas.
NM/dpa/rtr