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China, maior poluidora do mundo, lidera ranking de sustentabilidade da ONU

18 de junho de 2012

Índice de Riqueza Inclusiva é a proposta lançada na Rio+20 para avaliar o crescimento das economias contando também bens naturais e humanos. China, Alemanha e França lideram o ranking. Brasil aparece em quinto.

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Água poluída na ChinaFoto: AP

A China foi o país com o crescimento mais sustentável do mundo dos últimos 20 anos. Essa é a conclusão de um estudo lançado na Rio+20 com a proposta de estabelecer uma nova maneira de medir o crescimento das nações, batizada de Índice de Riqueza Inclusiva (IRI).

A potência asiática também lidera o ranking dos maiores poluidores do planeta, segundo estudos científicos de diversos governos, como os dos Estados Unidos e da Holanda. A contradição pode ser explicada: "A nossa pesquisa fez um retrato do desenvolvimento entre 1990 e 2008, mas o panorama futuro pode mudar", justificou Nick Nuttal, porta-voz do Pnuma, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

O órgão fez parte do estudo que propõe uma ferramenta mais adequada para medir a riqueza das nações, considerada mais eficiente que o Produto Interno Bruto, pois este contabiliza apenas os bens e serviços produzidos durante um ano.

O Índice de Riqueza Inclusiva é composto por três parâmetros: além do capital manufaturado, ou seja, os bens produzidos, também os capitais humano e natural são importantes. A nova proposta é direcionada aos governos presentes nas negociações na Rio+20.

China Klimawandel
Capital humano é trunfo chinêsFoto: picture-alliance/dpa

A tabela, que lista a Alemanha em segundo lugar, seguida por França, Chile e Brasil, mostra às autoridades a verdadeira situação da riqueza das suas nações e a sustentabilidade de seu crescimento, diz o estudo.

Ricos, porém mais pobres

Para compor o novo índice, o estudo se concentrou em 20 países. O ranking envolve cálculos complexos que mesclam parâmetros subjetivos, como entretenimento e segurança ambiental, além de reservas de floresta, terras agriculturáveis, minérios e combustíveis fósseis.

O caso da China é justificado por seu crescimento do capital humano – educação, treinamento e salários. Por outro lado, ressalta o relatório, o capital natural per capita, como recursos renováveis e não renováveis, diminuiu 17% no país entre 1990 e 2008.

Enquanto todas as nações avaliadas registraram aumento no PIB per capita nesse período, o mesmo não ocorreu com o IRI. Colômbia, Nigéria, Rússia, Arábia Saudita e Venezuela, que dispõem de grande reserva de petróleo ou floresta, viram o índice per capita alternativo cair.

Como o IRI é composto por diversos indicadores, os motivos do declínio são também variados. No caso da Rússia, a razão foi a queda do capital manufaturado. O crescimento pujante do PIB dos países do chamado grupo BRICS nos últimos 20 anos não é refletido no IRI. Enquanto as economias chinesa e brasileira expandiram 422% e 31% segundo o PIB, o índice alternativo aponta uma expansão de apenas 45% e 18% respectivamente.

Quebra-cabeça dos capitais

No mosaico dos três parâmetros, o capital natural é o que mais contou pontos para os 14 países avaliados. Já o capital humano é o item mais forte de países como França, Alemanha, Japão, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos.

Ignacy Sachs, economista polonês que já elaborou muitos estudos para mostrar a insuficiência do PIB, como ele mesmo diz, destaca a importância do novo relatório. "Com os índices que já temos, dá para apontar os buracos nos quais alguns já caíram e que outros estão para cair, e que tipos de soluções podem ser buscadas para se sair da economia predatória", avaliou em conversa com a DW Brasil.

Autora: Nádia Pontes, do Rio de Janeiro
Revisão: Roselaine Wandscheer