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Chavistas classificam veto do Brasil no Brics de "agressão"

25 de outubro de 2024

Regime venezuelano diz enxergar rejeição como um "gesto hostil" aos interesses do país. Assessor de Lula, Celso Amorim fala que "confiança com a Venezuela foi quebrada" após regime não divulgar atas de eleição

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Nicolás Maduro gesticula e fala com microfone na mão
Relações entre Lula e Maduro foram estremecidas após Caracas deixar de apresentar atas eleitorais, como havia prometidoFoto: Fausto Torrealba/REUTERS

O regime de Nicolás Maduro classificou nesta quinta-feira (24/10) o veto do Brasil à entrada da Venezuela no grupo de economias emergentes Brics como um "gesto hostil" e uma "agressão" aos interesses do país, que há anos tenta a admissão no bloco.

A Venezuela – assim como a Nicarágua – ficou fora da lista prévia de parceiros do Brics após pedido do Brasil. O Itamaraty vetou o país sul-americano como candidato a entrar no grupo de novos Estados-parceiros.

Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela disse que a rejeição está "reproduzindo o ódio, a exclusão e a intolerância promovidos pelos centros de poder ocidentais".

"Gesto hostil"

"Uma ação que constitui uma agressão contra a Venezuela e um gesto hostil que se soma à política criminosa de sanções que foram impostas contra um povo corajoso e revolucionário. Nenhum truque ou manobra planejada contra a Venezuela interromperá o curso da história", diz a nota.

O governo do presidente venezuelano garantiu que tem "o respaldo e o apoio dos países participantes desta cúpula (do Brics concluída nesta quinta-feira em Kazan, na Rússia) para a formalização de sua entrada nesse mecanismo de integração".

"Por meio de uma ação que contradiz a natureza e os postulados do Brics, a representação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil decidiu manter o veto que (o ex-presidente Jair) Bolsonaro aplicou à Venezuela durante anos", diz o texto.

"O povo venezuelano está indignado e envergonhado com essa agressão inexplicável e imoral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil", acrescenta a nota.

"Quebra de confiança"

O Itamaraty não comentou oficialmente a nota. Mas o ex-ministro das Relações Exteriores e assessor para assuntos internacionais do governo brasileiro, Celso Amorim, afirmou que o veto está associado à "quebra de confiança" em Nicolás Maduro. "A quebra de confiança foi uma coisa grave. Nos disseram uma coisa e não foi feita", afirmou, em entrevista ao jornal O Globo.

Amorim se referiu à promessa não cumprida de Maduro de entregar as atas da eleição de 28 de julho, que confirmariam a segunda reeleição consecutiva do presidente venezuelano. As atas, entretanto, nunca foram reveladas.

Apenas 13 países são considerados para participar do bloco na nova categoria de "Estados-parceiros". A lista de não foi divulgada oficialmente, mas foram citados: Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Indonésia, Malásia, Turquia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.

Em declaração feita durante o encerramento da cúpula do Brics em Kazan, o presidente russo, Vladimir Putin, se mostrou favorável à entrada da Venezuela no grupo.

"Nossas posições não correspondem com a do Brasil em relação à Venezuela. Falo isso abertamente, nós falamos sobre isso por telefone com o presidente do Brasil, com quem eu tenho uma relação muito boa", disse Putin.

md (EFE, ots)