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Revelações de Chopin

31 de março de 2011

Seis cartas escritas pelo compositor em seu exílio em Paris foram compradas por um comerciante de arte e doadas ao Museu Chopin, de Varsóvia. Elas estavam desaparecidas desde a ocupação nazista, na Segunda Guerra.

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Chopin morreu no exílio em Paris, em 1849Foto: ullstein bild - Lombard

Uma coleção recém doada ao Museu Chopin, em Varsóvia, promete revelar para o público um pouco mais da vida pessoal do grande compositor polonês Frédéric Chopin. Trata-se de seis cartas dadas como desaparecidas desde a Segunda Guerra Mundial. Elas foram escritas em Paris, entre 1845 e 1848, um ano antes da morte do compositor, e endereçadas a familiares que ficaram na Polônia.

As novas peças são consideradas pela curadora do museu, Alicja Knast, como a mais emocionante descoberta no campo da música na Polônia em décadas, de valor inestimável. Agora, elas farão parte do acervo interativo multimídia do museu, que consiste numa narrativa sobre a vida do compositor, baseada em suas cartas e com arquivos de áudio.

"O museu pretende atrair a atenção do público para Chopin, construindo uma ponte entre o passado e o presente. Queremos fazer o visitante esquecer que está 200 anos à frente do tempo em que o compositor viveu", disse Alicja. O museu abriu suas portas no ano passado. As cartas estarão em exposição até o próximo dia 25 de abril.

Chopin estava em Viena quando estourou o Levante de Novembro, conflito entre a Polônia e a Rússia que começou no final de 1830. Ele então se mudou para a Paris e nunca mais voltou à sua terra natal. Exilado, o compositor passou grande parte do seu tempo escrevendo cartas para a família.

Música nostálgica

A musicista Monika Strugla, do Instituto Nacional Fréderic Chopin, em Varsóvia, observa que as correspondências pessoais deixam claro que a saudade de casa não foi expressa apenas na música do compositor, reconhecido em todo o mundo, mas também nas suas cartas. "Ele era muito nostálgico e triste, mas também muito patriota", diz Strugala

"Chopin sentiu saudades de seu país, o qual ele deixou sem saber que jamais voltaria", afirma Mônica, ressaltando que o compositor incorporou memórias de sua infância em sua música.

Klavier Eröffnung Chopin Museum Warschau
Ao piano, Chopin deixou clara a saudade de casaFoto: picture alliance / dpa

A coleção inclui ainda cartas da irmã de Chopin a um amigo na Inglaterra, contando sobre os últimos e trágicos anos do compositor, em que ele lutou contra a tuberculose, no auge de seu poder criativo. Chopin morreu em 1849, em Paris.

As cartas desapareceram durante a ocupação nazista da Polônia. Em 2003 surgiram informações de que elas ainda existiam. Em 2009, começaram os esforços para recuperá-las. O museu foi auxiliado pelo comerciante de arte polonês Marek Keller, que as comprou e doou ao museu.

Chopin na mídia

Há poucas semanas, Chopin foi tema na mídia polonesa por razões menos poéticas. Uma foto recém descoberta e amplamente divulgada como sendo do compositor em seu leito de morte revelou ser uma fraude.

Uma outra notícia deu conta de que uma campanha promocional do compositor, apoiada pelo Ministério do Exterior da Polônia, se revelou indequada: uma revista em quadrinhos sobre o músico dirigida ao público jovem alemão continha várias palavras de baixo calão e até termos racistas.

Os autores tentaram defender a revista, dizendo que a intenção era modernizar Chopin. Um crítico brincou, no entanto, dizendo que por conta disso o compositor deveria estar "se revirando no túmulo". A publicação foi descartada.

Autor: Rafal Kiepuszewski (msa)
Revisão: Alexandre Schossler