Carreatas pró-russas desencadeiam indignação na Alemanha
10 de abril de 2022Carreatas desfilam em diversas cidades da Alemanha neste fim de semana, chamando a atenção para as polêmicas manifestações pró-Rússia vistas por muitos como respaldo à guerra de agressão desencadeada por Moscou contra a Ucrânia.
Sob o slogan "Contra a discriminação das pessoas de língua russa", um comboio de cerca de 190 automóveis atravessou no sábado (09/04) Stuttgart, no sudoeste do país. Além de faixas em que se lia "Chega de russofobia", os participantes portavam bandeiras russas com a águia de duas cabeças do brasão nacional.
Segundo os organizadores, a intenção seria colocar em foco as pressões que vêm sofrendo os russos residentes na Alemanha, em especial das crianças russófonas nas escolas. Antes, o Departamento de Ordem Pública advertira que se evitassem quaisquer conexões com a invasão da Ucrânia.
Diversos outros atos estão programados para este domingo, também em Hanover e Frankfurt. Em Lörrach, no estado de Baden-Wüttemberg, onde se realizou uma carreata, políticos social-democratas e verdes, e a Sociedade Teuto-Ucraniana de Freiburg convocaram contraprotestos, inclusive uma "manifestação silenciosa".
Glorificação da guerra é tabu
No fim de semana anterior, uma carreata pró-russa em Berlim desencadeou indignação no país, mais ainda por coincidir com a revelação das atrocidades cometidas tropas do Kremlin contra civis da cidade ucraniana de Bucha.
"Pelo amor dos céus, como pôde permitir esse comboio da vergonha no meio de Berlim?", protestou o embaixador ucraniano Andrij Melnyk, dirigindo-se à prefeita da capital, Franziska Giffey. Esta disse entender a raiva do diplomata, mas que não podia penalizar cidadãos por meramente agitar bandeiras russas.
Representantes da política alemã exigem um procedimento rigoroso em manifestações pró-Rússia. "A exibição da letra 'Z' glorifica crimes de guerra, devendo, a nosso ver, ser perseguida criminalmente. Aqui precisamos de uma intervenção consequente da polícia", declarou a ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, ao semanário Welt am Sonntag.
Desde que o presidente russo, Vladimir Putin, decretou sua "operação militar especial" contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro, as autoridades da Alemanha registraram 383 crimes contra russos e 181 contra ucranianos. No país vivem cerca de 1,2 milhão de russos e 325 mil ucranianos, além de outros 316 mil chegados desde o início da guerra, como refugiados.
av (AFP,DPA)