Candidatos denunciam fraudes nas eleições presidenciais do Afeganistão
6 de abril de 2014Os três candidatos favoritos para vencer as eleições presidenciais do Afeganistão denunciaram neste domingo (06/04) irregularidades e fraudes na votação para a sucessão do atual presidente, Hamid Karzai. Segundo a agência de notícias AFP, a Comissão Eleitoral do país já recebeu mais de 1.200 queixas – número que não para de crescer.
De acordo com o porta-voz da comissão, Nadir Mohsini, as queixas incluem a abertura tardia dos centros de votação, falta de cédulas eleitorais, denúncias de eleitores forçados a votar em determinado candidato e, ainda, maus-tratos de alguns mesários nos locais de votação.
Antes da votação, havia temores de que uma nova fraude eleitoral, como a que manchou a reeleição de Karzai em 2009, pudesse colocar à prova a legitimidade do vencedor. As eleições – as primeiras realizadas após a transferência de poder no país depois de 13 anos da intervenção militar liderada pelos EUA – são consideradas um teste para os afegãos.
Mas num sinal promissor para a estabilidade do processo, os principais candidatos à sucessão de Karzai, que irá deixar o poder após cumprir dois mandatos, disseram que vão respeitar as decisões e regras da Comissão Eleitoral do país.
"Foi um grande dia para a democracia no Afeganistão", afirmou Zalmai Rassoul, um dos três candidatos favoritos. "Mas em determinados locais aconteceram problemas, que foram transmitidos à comissão que registra as queixas eleitorais. É dever desta dar resposta para que não haja votos falsos. Um presidente eleito com fraudes não seria aceito", afirmou, sem especificar a natureza dos problemas.
O seu adversário Ashraf Ghani, um ex-ministro das Finanças, afirmou no Twitter que "há relatos de fraudes graves em vários locais", adiantando que essas informações estão sendo encaminhadas para a comissão.
O candidato Abdullah Abdullah, também apontado como favorito, disse que as eleições foram um grande sucesso, mas não estava "livre de irregularidades". No pleito presidencial de 2009, Abdullah foi o segundo mais votado e denunciou fraudes em massa na votação.
Participação expressiva no pleito
O presidente do EUA, Barack Obama, e outros líderes mundiais saudaram a coragem dos eleitores, que saíram de casa para votar mesmo com o mau tempo e ameaças dos fundamentalistas islâmicos do Talibã, que consideraram as eleições no país uma “conspiração estrangeira”. De acordo com autoridades, ataques mataram pelo menos 20 pessoas.
A comunidade internacional saudou a mobilização dos eleitores e considerou que a participação de cerca de 7 milhões dos cerca de 13,5 milhões de eleitores é um sinal dos progressos alcançados no país, após o afastamento do Talibã do poder, em 2001.
A votação, a primeira transferência de poder de um presidente afegão eleito democraticamente, é considerada uma prova decisiva para o país de 28 milhões de habitantes, que deverá demonstrar sua estabilidade quando as forças da coalizão internacional deixarem o país, no fim do ano.
Os primeiros números parciais das eleições afegãs deverão ser divulgados no domingo. Os resultados oficiais deverão ser conhecidos no dia 24 de abril e um eventual segundo turno – caso nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos – está marcado para 28 de maio.
FC/ap/afp/dpa/ap/lusa