Cameron busca acordo para evitar saída do país da UE
18 de dezembro de 2015Durante a reunião de cúpula da União Europeia em Bruxelas nesta quinta-feira (17/12), os líderes europeus fizeram uma pausa nas discussões sobre a crise dos refugiados para lidar com outra ameaça à integridade do bloco das 28 nações: a possível saída do Reino Unido da UE.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, aproveitou a ocasião para negociar um acordo para renovar os laços do Reino Unido com a UE, que ele poderá utilizar para persuadir os parlamentares britânicos a defender a permanência do país no bloco europeu. O premiê planeja para o final de 2017 um referendo que irá decidir sobre uma possível saída britânica na UE.
"Nada é certo na vida, assim como em Bruxelas, mas há um caminho para um acordo em fevereiro", afirmou Cameron à imprensa na manhã desta sexta-feira.
O premiê disse aos demais líderes durante um jantar na quinta-feira que se eles desejam a permanência do Reino Unido no bloco, deverão levar em consideração a preocupação dos britânicos sobre a redução da imigração.
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, reagiu com cautela, dizendo o grupo está disposto a ouvir as preocupações britânicas, ainda que alguns valores que Londres deseja restringir, como o livre trânsito entre os países da Europa, sejam inegociáveis.
"Deixamos claro que estamos abertos a um acordo, mas sempre tendo por base a salvaguarda dos princípios fundamentais europeus, que incluem a não discriminação e a liberdade de movimento", afirmou a chanceler.
O presidente da França, François Hollande, foi mais incisivo que sua colega alemã, ao considerar "inaceitável" o desejo britânico de adquirir direitos especiais. "Enquanto é legítimo que ouçamos o primeiro-ministro britânico, é inaceitável rever compromissos fundamentais da UE."
"Poderá haver ajustes, adaptações, mas as regras e princípios europeus devem ser respeitados", observou Hollande, apontando que os problemas de relacionamento com o Reino Unido remetem ao fato de o país não adotar a moeda europeia, além de sua posição quanto à imigração.
A reunião de cúpula da UE prossegue ainda nesta sexta-feira. Além da crise migratória, estarão em pauta novas medidas contra o terrorismo, após os ataques de Paris em novembro, e a possibilidade do bloco lançar novas sanções à Rússia em razão de seu papel na crise da Ucrânia.
RC/afp/dpa/rtr