Brexit abala mercados financeiros pelo mundo
24 de junho de 2016A vitória do Brexit no Reino Unido abalou os mercados financeiros em todo o mundo e provocou uma espécie de "sexta-feira negra".
O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, iniciou a sessão desta sexta-feira (24/06) com queda de 7,7% – pior perda diária desde outubro de 2008, quando o banco Lehman Brothers quebrou e deu início a uma crise financeira global.
Às 10h10 GMT (7h10 de Brasília), o índice DAX 30, de Frankfurt, sofria queda de 6,52%; o CAC 40, de Paris, caía 8,32%; o FTSE-Mib, de Milão, 9,81%; e o Ibex 35, de Madri, 10,20%.
Na Ásia, o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, registrou queda expressiva de 7,92%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu 2,92%.
Em Nova York, as bolsas de valores também operavam em queda no início do pregão. Após 20 minutos de negociação, o Dow Jones caiu 2,5%, e o S&P 500 recuou 2,6%. Já o índice da Nasdaq caiu 3%.
Com a notícia de que o Reino Unido deverá deixar a União Europeia (UE), as ações dos principais bancos chegaram a cair quase 30% nesta sexta-feira na Bolsa de Londres. A queda reduziu em mais de 100 bilhões de libras (136,7 bilhões de dólares) o valor de mercado das ações mais valorizadas no índice britânico.
O Royal Bank of Scotland (RBS) perdia 26,05%; o Barclays, 25,46%; e o Lloyds Banking Group, 24,05%. Em Madri, o Banco Santander, que tem o Reino Unido como seu principal mercado, estava registrando perdas de 18,63% nesta manhã. Já o BBVA recuava 15,93%.
As perdas também afetavam o setor de petróleo: o barril de West Texas Intermediate para entrega em agosto era negociado a 48,69 dólares no Intercontinental Exchange (ICE) de Londres, uma queda de 2,22 dólares em relação ao fechamento de quinta-feira.
A libra esterlina caiu cerca de 10%, com cotação mínima de 1,3236 dólar. É a maior queda desde a introdução do câmbio livre, no início dos anos 1970, e o valor mais baixo em relação ao dólar desde 1985.
O Brexit também afetou outras moedas. O dólar chegou a ser negociado abaixo dos 100 ienes, a 99,02 ienes, pela primeira vez desde novembro de 2013, antes de recuperar terreno a 102 ienes. A moeda japonesa é considerada um porto seguro em momentos de incerteza, mas sua valorização prejudica o setor exportador, vital para a economia nipônica.
Enquanto o Brexit provocava pânico nos mercados, o Banco da Inglaterra anunciava que vai disponibilizar 250 bilhões de libras esterlinas para oferecer liquidez extra ao mercado para um período de "incerteza e ajuste".
O presidente do banco, Mark Carney, afirmou que a instituição "não descarta" tomar medidas adicionais que garantam a estabilidade dos mercados e o funcionamento da economia britânica. "Já demos todos os passos necessários para nos preparar diante dos eventos de sexta-feira", disse.
O Banco Central Europeu também fez anúncio semelhante e afirmou que está pronto para fornecer liquidez adicional ao sistema financeiro em euros e outras moedas.
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