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Brasil barrará viajantes de 6 países africanos por variante

27 de novembro de 2021

Objetivo é conter chegada da cepa ômicron do coronavírus. Decisão entra em vigor na segunda-feira e segue iniciativas similares adotadas por União Europeia e Estados Unidos.

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Foto interna mostra saguão de aeroporto com pessoas andando.
Restrição vale para quem esteve nessas nações nos 14 dias antes de chegar ao Brasil.Foto: BH Airport/Divulgacao/D. Mansur

O governo brasileiro decidiu nesta sexta-feira (26/11) proibir a entrada no Brasil de viajantes que estiveram, nos últimos 14 dias, em seis países do sul da África: África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

O objetivo é contar a chegada ao Brasil da nova variante ômicron do coronavírus, definida nesta sexta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma "variante de preocupação".

A regra será formalizada em uma portaria que será publicada no sábado e passa a valer na segunda-feira. O anúncio da medida foi feito pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, no Twitter:

Antes da decisão, o presidente Jair Bolsonaro havia sido questionado, em conversa com apoiadores em Brasília, sobre a nova variante do coronavírus e descartou a adoção de lockdown ou fechar as fronteiras, e disse que iria tomar "medidas racionais" sobre o tema.

A restrição de viagens a partir de países do sul da África, onde a variante ômicron foi primeiro identificada, já havia sido defendida mais cedo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo a Anvisa, não há voos diretos desses seis países para o Brasil. A regra vale para qualquer pessoa que tenha estado nessas nações nos 14 dias antes de chegar ao Brasil.

Passaporte da vacina

A Anvisa também defendeu que o Brasil comece a exigir comprovante de vacinação contra a covid-19 de quem entra no país por fronteira terrestre ou voos internacionais.

Bolsonaro é contra a exigência do certificado para quem chega no país, e não foi tomada decisão a respeito nesta sexta.

Defensores da medida argumentam que seria necessário exigir o comprovante de vacinação para evitar que o Brasil se torne destino turístico de pessoas não vacinadas que encontrarão restrições do tipo em outros países.

União Europeia e EUA também restringem voos

A decisão do governo brasileiro segue iniciativas semelhantes adotadas nesta sexta pela União Europeia (UE), que recomendou aos países-membros que adotem restrições imediatas a voos provenientes de sete países do sul da África: além da África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbábue.

Os Estados Unidos também anunciaram nesta sexta restrições de viagens a partir de oito países africanos, e Reino Unido e Canadá impuseram restrições similares.

Mutações preocupantes

A nova variante foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada e rapidamente se tornou a cepa dominante do coronavírus.

Até o momento, foram confirmados ao menos três casos da nova variante em outras partes do mundo. Um viajante da África do Sul foi diagnosticado com a variante em Hong Kong, bem como outra pessoa em Israel que havia retornado do Malaui. Há ainda um caso na Bélgica, o primeiro registrado na Europa.

Até o momento, não existem dados epidemiológicos sólidos e suficientes para avaliar o quanto a nova variante é infecciosa. A preocupação dos pesquisadores é com o fato de ela demonstrar um número extremamente alto de mutações do coronavírus. Eles encontraram 32 mutações na chamada proteína "spike". Na variante delta, considerada altamente infecciosa, foram encontradas oito mutações.

Ao mesmo tempo em que o número dessas proteínas não é uma indicação exata do quão perigosa a variante pode ser, isso sugere que o sistema imunológico humano pode ter maior dificuldade em combater a nova variante.

Há indicações de que a ômicron possa escapar das respostas imunológicas, gerando riscos mais altos para as pessoas. Entretanto, as infecções com a nova variante podem não ser mais graves do que as anteriores.

Há ainda sinais de que ela se espalhe mais rapidamente, o que pode gerar novas sobrecargas aos sistemas de saúde dos países atingidos.

bl (ots)