Europa restringe voos de países africanos por nova variante
26 de novembro de 2021A nova variante do coronavírus detectada na África do Sul, aparentemente muito contagiosa, fez com que a União Europeia recomendasse nesta sexta-feira (26/11) aos países-membros do bloco que adotem restrições imediatas a voos provenientes de sete países do sul da África: além da África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbábue.
O Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental alemã para o controle e prevenção de doenças, também anunciou que a partir de domingo os sete países e o Malawi seriam considerados áreas de variante de vírus, o que restringe a entrada de viajantes desses países a cidadãos alemães, residentes na Alemanha ou viagens com motivo urgente.
Segundo o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, "a última coisa de que precisamos é trazer uma nova variante que vai causar ainda mais problemas", num momento em que o país começa a transportar pacientes de UTIs de regiões sobrecarregadas para áreas onde ainda há capacidade de acolher pessoas necessitadas de cuidados intensivos.
A Alemanha registra novos recordes diários de infecções e está mergulhada na quarta onda de contágio pelo novo coronavírus. Nesta sexta-feira, a incidência de novos casos por cem mil habitantes em sete dias bateu recorde pelo décimo nono dia seguido, subindo para 438,2. Nas 24 horas anteriores, a Alemanha registrou 76.414 novas infecções, outro recorde desde o início da pandemia.
Quais são as restrições a voos da África do Sul?
A proposta de restrição total do tráfego aéreo entre África do Sul e Europa pode ser colocada em prática já na noite desta sexta-feira (26/11). Os europeus que retornarem da região sul do continente africano devem fazer quarentena de 14 dias.
No momento, somente cidadãos alemães e residentes na Alemanha que desejam retornar para casa podem voar da África do Sul para a Alemanha. Além da Alemanha, Áustria, Itália, Israel e Reino Unido também já impuseram restrições aos voos para e a partir da África do Sul.
A Lufthansa, maior empresa do setor aéreo alemão, disse que vai implementar a medida e que deve continuar a operar voos de carga e de passageiros "para trazer as pessoas para casa".
O que se sabe sobre a nova variante?
Segundo cientistas, a nova variante do coronavírus detectada na África do Sul é uma preocupação por causa do alto número de mutações. Isso estaria ajudando o vírus a driblar a resposta imunológica do corpo humano e a torná-lo mais transmissível.
Enquanto a variante delta possui duas mutações e a variante beta – originária da África do Sul – possui três, a B.1.1.529 teria pelo menos 32 mutações da proteína spike.
Pessoas mais jovens parecem estar contraindo e espalhando a variante recém-identificada. Cientistas afirmam, porém, que as próximas semanas serão essenciais para determinar a gravidade e as características de transmissão da cepa.
O surgimento da nova variante também provocou a abertura em queda das principais bolsas europeias nesta sexta, com baixas superiores a 3%. Além disso, impulsionou a queda do preço de petróleo.
Em Israel, o Ministério da Saúde afirmou que detectou o primeiro caso da nova variante numa pessoa que voltou do Malawi. O viajante e mais duas pessoas suspeitas de terem sido contaminadas pela nova cepa estão em quarentena. Os três possuem ciclo vacinal completo.
gb/rk (AFP, EFE, DPA, DW)