Bonn ou Berlim?
23 de novembro de 2008A Comissão Orçamentária do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) pretende revisar a divisão da sede do governo federal alemão entre a atual capital Berlim e a capital da ex-Alemanha Ocidental, Bonn. Membros da comissão solicitaram ao governo que forneça anualmente um relatório sobre os custos da divisão, informaram os jornais Berliner Zeitung e Rheinische Post com base em uma resolução da comissão.
O relatório solicitado deverá avaliar também até que ponto a chamada Lei Bonn-Berlim "impede um aumento do potencial de racionalização e eficiência" do governo. Além disso, a resolução da comissão prevê ainda que os próprios ministérios possam decidir em que cidade terão sua sede e como dividirão suas tarefas e seu orçamento entre as unidades, informou o Tagesspiegel.
"Com isso, a descida em sentido Berlim fica ainda mais escorregadia", disse a deputada social-democrata Petra Merkel ao Berliner Zeitung.
Governo dividido
A chamada Lei Bonn-Berlim, aprovada em 1994, prevê que o governo da Alemanha se divida entre as duas cidades. Enquanto 9 mil funcionários do governo ainda operam de Bonn, quase 9 mil outros já se estabeleceram na capital.
Apenas nove dos 14 ministérios alemães possuem sua sede em Berlim. Os Ministérios da Defesa, da Educação, do Meio Ambiente, da Saúde e da Cooperação Econômica e Desenvolvimento ainda mantêm sua sede em Bonn.
Para os defensores da lei, a mudança da capital para Berlim prejudicou seriamente a cidade de Bonn e a mesma deveria ser indenizada por isso. Já os críticos da lei argumentam que o governo dividido diminui a eficiência e que Bonn já foi recompensada com a sede de diversas empresas de grande porte, entre elas a Deutsche Telekom e a Deutsche Post.
A própria Comissão Orçamentária do Bundestag atesta em sua resolução que os prejuízos da mudança da capital e do Parlamento já foram compensados e que os "principais objetivos da Lei Bonn-Berlim" já foram alcançados.
Oposição aprova
"Os próprios ministérios deveriam decidir onde e como trabalham", aprova Markus Loening, do Partido Liberal (FDP). Para ele, o governo não deveria mais ser forçado a manter unidades em duas cidades distintas. Representantes do partido A Esquerda também disseram que a resolução é "um pequeno passo na direção certa", mas que não a aprovam pois não vai longe o suficiente.
Para a Federação dos Contribuintes Alemães, trata-se do começo do fim da divisão do governo. "Agora é só uma questão de tempo até que a divisão seja superada", disse seu diretor executivo, Reiner Holznagel, ao Tagesspiegel.
Representantes da prefeitura da capital receberam a notícia com bons olhos, sinalizando que a mudança completa do governo traria à cidade a mão-de-obra qualificada de que tanto precisa. Já a cidade de Bonn se negou a comentar, informou o Tagesspiegel. O jornal lembra que o governo já possui diversos terrenos vazios na capital, que poderiam ser usados para construir ministérios.
As viagens constantes entre as duas cidades custam aos contribuintes entre 8,8 milhões e 23 milhões de euros ao ano. A mudança completa, no entanto, poderia custar bilhões. Críticos à lei argumentam que, por esse dinheiro, funcionários públicos poderiam voar entre Bonn e Berlim por até 100 anos.