Biden é recebido com "frieza" na Arábia Saudita
15 de julho de 2022O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou nesta sexta-feira (15/07) na Arábia Saudita para uma visita destinada a reparar a relação com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman e conseguir apoio para baixar os preços do petróleo.
O jato presidencial Air Force One aterrissou em Jeddah no fim da tarde (horário local) e cerca de uma hora depois o presidente americano já estava no palácio real para um encontro com Salman, que governa o país.
Ao se encontrarem, os dois governantes cumprimentaram-se de forma fria, apenas com um "choque de punhos".
Embora o governo americano afirme que o cumprimento, que remete a certo distanciamento, se deva ao fato de precauções contra a covid-19, jornalistas especulam que Biden teria evitado apertar a mão de Salman por seu histórico de desrespeito à imprensa e aos direitos humanos. Desta forma, uma foto dos dois se cumprimentando calorosamente não cairia bem ao americano.
Horas antes, Biden havia se encontrado em Belém com líder da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas - e posado para fotos bem próximo ao palestino, inclusive com aperto de mãos e um largo sorriso.
Salman é acusado pelos serviços secretos americanos de ter aprovado a operação que matou o jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018. O próprio Biden havia denunciado o príncipe pelo assassinato de Khashoggi, que foi desmembrado na embaixada saudita na Turquia.
O presidente americano também se encontrará com o rei saudita, Salman bin Abdulaziz.
É a primeira vez que Biden visita o Oriente Médio desde que se tornou presidente dos Estados Unidos e chega a Jeddah depois de ter passado por Israel e pela Cisjordânia.
Na Arábia Saudita, Biden participará de uma conferência de chefes de Estado do Conselho de Cooperação do Golfo, bem como do Egito, Jordânia e Iraque. Em discussão estarão o aumento da produção de petróleo, o cessar-fogo no Iémen e a limitação da influência do Irã no Oriente Médio e da China no panorama global.
No geral, a recepção de Biden na Arábia Saudita permaneceu fria em comparação com a de seu antecessor, Donald Trump. O republicano foi recebido, em 2017, pelo rei Salman no aeroporto e a visita foi repleta de gestos calorosos e generosos.
A visita de Biden lembra mais a viagem de Barack Obama à Arábia Saudita, que foi recebido em Riad em 2016 pelo governador local, príncipe Faisal bin Bandar Al Saud.
Euforia em Israel
A recepção de Biden em Jeddah também contrastou fortemente com sua visita a Israel, onde o presidente, Izchak Herzog, e o primeiro-ministro, Jair Lapid, o receberam com uma cerimônia formal. Até o ex-primeiro-ministro e atual líder da oposição Benjamin Netanyahu esteve no aeroporto para recepcioná-lo - e apertou a mão de Biden, o que reforça a hipótese dos jornalistas sobre o americano querer manter certa distância de Salman.
Também nesta sexta-feira, Biden afirmou que o povo palestino merece ter o seu próprio Estado e prometeu continuar trabalhando para reativar o processo de paz entre palestinos e israelenses.
As declarações foram feitas numa conferência de imprensa no palácio presidencial de Belém, em conjunto com o líder da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas.
"O povo palestiniano merece um Estado próprio, independente, soberano, viável e com continuidade territorial. Dois Estados para dois povos. Ambos com raízes profundas nesta terra", defendeu.
"Tem de haver um horizonte político para o povo palestiniano", propôs o presidente dos EUA, reconhecendo não estarem atualmente reunidas as condições para relançar as negociações de paz.
Abbas sublinhou que o caminho para a paz no Médio Oriente "começa com a Palestina e Jerusalém" e pediu mais esforços para acabar com a ocupação israelense e avançar para a criação de um Estado palestino.
O líder palestino pediu que Washington reabra o consulado dos Estados Unidos para Assuntos Palestinos em Jerusalém oriental e pediu justiça pela morte da jornalista palestina Shireen Abu Akleh, morta em maio enquanto cobria uma operação militar israelense na Cisjordânia ocupada.
Nos últimos meses, Biden tem sido alvo de crescentes críticas da ANP por não ter reaberto o consulado dos EUA para Assuntos Palestinianos em Jerusalém, depois de ter sido fechado por Trump, e por não ter tomado medidas mais contundentes contra a expansão israelense em território ocupado, à qual Biden se opôs formalmente.
le (Lusa, ots)