Bicicleta para cotidiano e turismo
20 de maio de 2007No país do Porsche, BMW e Mercedes, um outro meio de transporte divide espaço com os carros nas ruas alemãs: a bicicleta, ecológica e econômica. Em Bonn, o representante da associação de ciclistas (ADFC), Johannes Frech, estima que 20% dos habitantes da cidade utilizem a bicicleta como principal meio de transporte. Ou seja, dois de cada dez moradores da antiga capital alemã pedalam até o trabalho, vão à escola de bicicleta e se locomovem sobre duas rodas para fazer pequenas compras no supermercado.
Mas esse cenário não é exclusivo de Bonn. A bicicleta corresponde a 9% dos veículos no trânsito no país e estima-se que em todo o território alemão circulem mais de 78 milhões de bicicletas – uma vez e meia a quantidade de carros do país.
Mas não basta pegar a bicicleta e sair pedalando. O ciclista que não quiser ser multado tem que possuir certos acessórios básicos: buzina, farol dianteiro e traseiro se andar à noite, além de refletores nas rodas para prevenir os motoristas da presença do ciclista.
Além disso, quem estiver sobre duas rodas deve respeitar regras de trânsito semelhantes à impostas aos motoristas de carro. Como há poucas ciclovias nos moldes de outras cidades, como Colônia, geralmente as bicicletas dividem as ruas de Bonn com os carros. Apenas crianças podem pedalar nas calçadas. O que há em várias ruas é uma área preferencial ou exclusiva para o uso de bicicletas.
Bicicletas para todos os gostos
O preço de uma bicicleta básica, com um cesto para o transporte de sacolas e os acessórios obrigatórios, varia entre 300 e 2000 euros. Mas quem quiser mais conforto e um design original – e se dinheiro não for problema – pode optar pela Scorpion. A principal diferença deste modelo, que custa entre 4 mil e 8 mil euros, são as três rodas e o banco com encosto inclinado, que deixa o ciclista quase deitado.
As mães, mesmo de recém-nascidos, também possuem opções para pedalar sem deixar a criança em casa. Existem carrinhos para bebês que são encaixados na bicicleta e custam entre 300 e 600 euros.
Mas quem estiver só de passagem pela cidade, pode alugar uma bicicleta por uma tarifa diária que varia entre 7 e 15 euros. Pela opção mais cara, conhecida como Call a bike, a pessoa telefona para 0700 05 22 55 22, informa os dados do cartão de crédito e recebe um número. Com esse código, ela desativa a tranca eletrônica de uma das bicicletas das estações de aluguel.
A outra opção é alugar uma bicicleta na Radstation, uma oficina e estacionamento de bicicletas financiada pelo governo alemão e a fundação Caritas. Como o objetivo da instituição não é o lucro, mas oferecer trabalho a jovens desempregados, não apenas o aluguel é mais barato, como todos os outros serviços. O conserto de bicicletas é cerca de 50% mais barato do que nas outras oficinas de Bonn e a diária do estacionamento custa apenas 80 centavos de euro.
Mas a bicicleta não é usada apenas dentro das cidades. O Escritório de Turismo de Bonn oferece mapas para turistas que optarem por conhecer a região pedalando. Numa das livrarias da cidade, pode-se encontrar cerca de 70 guias diferentes para viajar pelos quatro cantos do mundo sobre duas rodas. A bicicleta está inserida na realidade alemã como meio de transporte cotidiano e jeito alternativo de fazer turismo.