Bento 16 admite erro em relatório sobre abuso infantil
24 de janeiro de 2022O papa emérito Bento 16 admitiu nesta segunda-feira (24/01) que uma afirmação incorreta sua foi divulgada no âmbito de uma investigação sobre abuso sexual infantil na Igreja Católica segundo a qual o pontífice falhou em coibir ao menos quatro casos quando era arcebispo.
A investigação independente examinou casos de abusos ocorridos de 1945 a 2019 na arquidiocese de Munique e Freising, que foi comandada por Bento 16 entre 1977 e 1982. Foram encontrados indícios de pelo menos 497 vítimas de abuso sexual, grande parte do sexo masculino e com idades entre 8 a 14 anos.
O relatório sobre a investigação, divulgado na última quinta-feira, levantou dúvidas sobre as declarações do papa emérito sobre o caso do padre Peter H, com histórico de pedofilia.
Segundo comunicado divulgado nesta segunda, ao contrário do que foi publicado no relatório, Bento 16 participou de uma reunião em 1980 na qual foi discutido o caso do padre.
No entanto, na ocasião não foi tomada uma decisão sobre as atividades pastorais do padre, mas apenas atendido o pedido de fornecer acomodação a ele durante seu tratamento terapêutico em Munique, ressalta o comunicado. Apesar do histórico de pedofilia, Peter H. acabou reassumindo atividades pastorais na Baviera e cometendo novos abusos.
Sem "más intenções"
De acordo com o comunicado, o erro "não foi cometido com más intenções", mas foi resultado de um descuido na revisão das declarações do papa emérito incluídas no relatório sobre a investigação. Segundo o texto, o papa emérito, de 94 anos, lamenta muito o erro e espera que este possa ser perdoado.
A retratação foi divulgada por Georg Gänswein – secretário pessoal de Joseph Ratzinger, nome de batismo de Bento 16 – e publicada pelo site de notícias do Vaticano.
Nos últimos dias, bispos alemães e especialistas em prevenção de abusos pediram que Bento 16 comentasse pessoalmente, mais uma vez, as acusações contra ele.
De acordo com seu secretário pessoal, o papa emérito ainda pretende divulgar uma declaração detalhada sobre o ocorrido. E pede compreensão com o fato de que uma revisão completa do relatório sobre a investigação, de 1.900 páginas, ainda levará tempo. A leitura feita até agora encheu-o "de vergonha e dor em relação ao sofrimento" infligido às vítimas, diz o comunicado.
lf (DPA, KNA, AFP)