Baerbock: Alemanha está pronta para "preço" da paz ucraniana
8 de fevereiro de 2022A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, visitou a Ucrânia nesta segunda-feira (07/02) pela segunda vez em apenas três semanas em meio a temores de uma invasão russa ao país.
Autoridades ucranianas expressaram várias vezes frustração pela recusa da Alemanha em vender armas à Ucrânia, assim como em bloquear outros países a fazerem o mesmo.
Baerbock concedeu entrevista após encontrar seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba. Ela afirmou que o governo alemão está disposto a pagar um alto preço econômico caso sejam exigidas sanções contra a Rússia, e que a Alemanha e seus parceiros haviam preparado uma série de medidas duras contra Moscou para serem usadas caso o conflito na Ucrânia se agrave.
A declaração de Baerbock foi dada após o ministro do Clima e da Economia alemão, Robert Habeck, ter pedido que a Alemanha reduza sua dependência do gás natural russo, já que as tensões permanecem sobre o impasse na Ucrânia.
O governo alemão continua dividido sobre o gasoduto Nord Stream 2, que deve transportar o gás russo sob o Mar Báltico para a Alemanha. Embora a construção do gasoduto tenha sido concluída, ele ainda não começou a transportar gás e aguarda autorização para funcionar.
O que está na agenda de Baerbock na Ucrânia?
Inicialmente, estava previsto um encontro da ministra alemã do Exterior com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, mas a reunião foi cancelada devido ao que fontes diplomáticas descreveram como "dificuldades de agenda". Agora, está prevista uma reunião com o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal.
Espera-se que o tema da exportação de armas esteja no topo da agenda do encontro.
Nesta segunda, Baerbock visitou um memorial às vítimas do Holodomor, a fome que deixou milhares de mortos na Ucrânia na década de 1930, quando o país era uma república soviética.
Ela também deverá visitar um hospital militar financiado pela Alemanha. Na terça-feira, Baerbock deve ir ao leste da Ucrânia e visitar a área de conflito entre separatistas apoiados pela Rússia e soldados ucranianos.
A visita anterior de Baerbock à Ucrânia fez parte de uma viagem de dois dias a Kiev e Moscou, em janeiro, quando ela reafirmou a posição do governo alemão de não vender armas para as chamadas regiões em crise.
Kiev fez um pedido a seus parceiros ocidentais, incluindo a Alemanha, por uma série de armamentos, incluindo sistemas antiaéreos, armas antidrone, equipamentos de visão noturna, câmeras de vigilância e munições.
A embaixada ucraniana em Berlim disse que o que o país está pedindo é um "sistema de armas de natureza defensiva".
O especialista em Rússia Stefan Meister, do Conselho Alemão de Relações Exteriores, falou à DW sobre o motivo pelo qual ele acha que as atuais reuniões em Kiev são importantes. Ele disse que a visita de Baerbock mostra que "a Alemanha e a União Europeia estão mais ativas neste conflito".
"Portanto, não depende apenas dos Estados Unidos, mas se trata da segurança europeia. E também para mostrar unidade com países menores, especialmente na Europa Central e no Leste Europeu", disse.
Porém, Meister avalia que a Alemanha não cederá no bloqueio à venda de armas à Ucrânia. "Eles não vão concordar. Não mesmo. Acho que Scholz deixou claro novamente que a Alemanha não enviará armas", afirmou.
Quais são os últimos passos diplomáticos em relação à Ucrânia?
A Alemanha e a França pressionam para um retorno ao formato do chamado "Quarteto da Normandia", que ocorreu pela primeira vez em 2014, quando a Rússia ocupou a península ucraniana da Crimeia. Isso envolve conversas entre a Rússia, a Ucrânia, a Alemanha e a França.
O retorno de Baerbock a Kiev ocorre no mesmo dia em que o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, fez sua visita inaugural no cargo à Casa Branca, onde discutiu a situação na Ucrânia com o presidente dos EUA, Joe Biden.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também foi nesta segunda a Moscou para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, numa tentativa de diminuir as tensões com o Ocidente.
bl/as (dpa, AFP, Reuters, DW)