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PolíticaFrança

Austrália nega ter mentido à França em acordo de submarinos

19 de setembro de 2021

Premiê australiano defende decisão de cancelar pacto bilionário com Paris em favor de submarinos nucleares dos EUA. Após França acusar aliados de "mentira e quebra de confiança", Biden solicita telefonema com Macron.

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Premiê australiano (centro) anuncia novo acordo com Reino Unido e EUA, cujos líderes aparecem em vídeo, em 16 de setembro
Premiê australiano anuncia novo acordo com Reino Unido e EUA, cujos líderes aparecem em vídeo, em 16 de setembroFoto: Mick Tsikas/AP/picture alliance

A Austrália defendeu neste domingo (19/09) sua decisão de cancelar um acordo bilionário com a França para compra de submarinos, em favor de um novo pacto de segurança com os Estados Unidos, batizado de Aukus, que tem a participação também do Reino Unido.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, rejeitou as acusações feitas pela França de que a Austrália mentiu sobre seus planos de cancelar o acordo, afirmando que ele já havia expressado preocupações sobre o pacto "alguns meses atrás".

A decisão australiana de preterir submarinos franceses – num acordo que valia 50 bilhões de dólares australianos quando assinado em 2016 – para comprar submarinos nucleares americanos gerou indignação em Paris. Na sexta-feira, o presidente Emmanuel Macron convocou seus embaixadores em Washington e em Canberra a retornarem à França, numa medida sem precedentes.

O governo australiano, por sua vez, se manteve firme em sua posição, com Morrison insistindo que ele e seus ministros comunicaram previamente suas preocupações sobre o acordo.

"Acho que eles tinham todos os motivos para saber que tínhamos profundas e sérias preocupações de que a capacidade fornecida pelo submarino Attack Class não atenderia aos nossos interesses estratégicos, e deixamos muito claro que tomaríamos uma decisão com base em nosso interesse nacional estratégico", afirmou o premiê.

Morrison disse que compreende a decepção da França, mas que não se arrepende de "colocar o interesse nacional da Austrália em primeiro lugar". "Nunca vou me arrepender."

Austrália foi "franca e honesta"

Outros membros do governo australiano também defenderam a decisão do país, mas sem deixar de ressaltar a importância dos laços com a França.

O ministro da Defesa, Peter Dutton, insistiu que o governo em Canberra foi "franco, aberto e honesto" com Paris sobre suas preocupações em relação ao negócio.

Já o ministro das Finanças australiano, Simon Birmingham, disse que seu país informou o governo francês "na primeira oportunidade disponível, antes de se tornar público".

"Não subestimamos a importância agora de garantir o restabelecimento desses fortes laços com o governo francês e seus homólogos por muito tempo no futuro", acrescentou. "Porque o envolvimento contínuo deles nesta região é importante."

Biden e Macron falarão por telefone

Neste domingo, o governo francês comunicou que o presidente dos EUA, Joe Biden, solicitou uma conversa por telefone com Macron, em um aparente esforço para aliviar a tensão entre os aliados.

O telefonema deve ocorrer "nos próximos dias", disse o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, acrescentando que o presidente pedirá "esclarecimentos" a Biden. "Queremos explicações", afirmou um porta-voz. Os Estados Unidos terão que responder por "o que se parece muito com uma grande quebra de confiança", acrescentou.

França falou em "mentira e falsidade"

As reações americana e australiana vieram depois de o ministro do Exterior da França, Jean-Yves Le Drian, usar um linguajar pouco diplomático em relação à Austrália, aos Estados Unidos e ao Reino Unido, signatários do novo acordo Aukus. "Tem havido mentira, falsidade, uma grande quebra de confiança e desprezo", disse Le Drian à televisão France 2. "Isso não vai funcionar."

O ministro francês descreveu a convocação dos embaixadores – a primeira na história das relações com esses países – como um ato "muito simbólico" que pretendia "mostrar o quanto estamos infelizes e que existe uma grave crise entre nós".

ek/as (AFP, DPA, ots)