Aumentam exportações brasileiras para a Alemanha
24 de junho de 2004De janeiro a maio de 2004, as exportações brasileiras para a Alemanha somaram US$ 1,5 bilhão de dólares, o que representou um aumento de 24,8% sobre igual período de 2003, quando as vendas para este país totalizaram US$ 1,2 bilhão. A participação do mercado alemão no volume total exportado pelo Brasil foi de 4,6% nos primeiros cinco meses.
As exportações alemãs para o Brasil, em igual período comparativo, cresceram apenas 6,9%, subindo de US$ 1,8 bilhão para US$ 1,9 bilhão e respondendo por 8,3% das compras brasileiras no exterior.
"Reduzimos quase à metade o crônico déficit da nossa balança comercial com a Alemanha e estamos indo na direção do equilíbrio", disse o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, ao apresentar os números, no início desta semana, no Encontro Econômico Brasil-Alemanha, em Stuttgart.
Em 2004, o Brasil acumula um déficit de US$ 340 milhões, sendo que no mesmo período de 2003 foi de US$ 526 milhões de dólares.
Pelos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a Alemanha ocupa a quinta posição entre os mercados de destino de produtos brasileiros, atrás apenas dos Estados Unidos, Argentina, China e Países Baixos (Holanda), mas está em terceiro lugar entre os países fornecedores ao Brasil, sendo superada pela Argentina e os EUA.
Dentro da União Européia, a Alemanha responde por 18% das vendas brasileiras de US$ 8,6 bilhões ao bloco econômico. Nas exportações, ocupa a primeira posição, respondendo por 32,5% das compras brasileiras feitas na UE (US$ 5,8 bilhões, de janeiro a maio de 2004).
Muita matéria-prima
Mais da metade (55,5%) das exportações brasileiras para a Alemanha é composta por produtos básicos, como soja em grão (16,3% do total), minérios de ferro (13,3%), café em grão (8,9%), farelo de soja (3,9%), carne de frango (2,9%) e carne bovina (2,5%).
Os principais produtos industrializados exportados pelo Brasil ao mercado alemão são motores para veículos (5,5%), autopeças (2,4%), aparelhos para telefonia (2,3%), bombas e compressores (2,2%) e ferroligas (2,1%).
Segundo o secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mário Mugnaini Junior, as vendas de carnes seriam bem maiores, não fossem as cotas de importação impostas pela UE. Do total de 483 mil toneladas de carne bovina importadas pela Alemanha este ano, apenas 46 mil toneladas vieram do Brasil.
A participação do frango brasileiro foi de 111 mil toneladas no total de 429 mil compradas pelo mercado alemão nos primeiros cinco meses deste ano. "Temos uma cota de apenas 7 mil toneladas – ou seja, mais ou menos a carga de um navio; o que passar disso, paga 176% de taxa de importação na UE", disse. O governo brasileiro reiterou seu pedido à Alemanha para ajudar a elevar essas cotas.
Só produtos industrializados
Já a pauta dos produtos que o Brasil importa da Alemanha é 99,6% composta por industrializados, com destaque para autopeças (7,4%), instrumentos de medida e verificação (4,5%), rolamentos e engrenagens (3,6%), motores para veículos (3,3%), bombas e compressores (2,9%), compostos heterocíclicos (2,8%), cloreto de potássio (2,4%) e medicamentos (2,3%).
Quanto aos medicamentos, empresários alemães do setor químico e farmacêutico apresentaram duas reclamações à delegação brasileira em Stuttgart: primeiro, que o SUS (Sistema Único de Saúde) estaria pagando preços abaixo do mercado por produtos e serviços na área médica; e, segundo, que milhões de brasileiros continuam não tendo acesso ao uso de medicamentos básicos.
Mais exportadores brasileiros
Segundo a Camex, o número de exportadores de produtos para a Alemanha aumentou 7,3%, de janeiro a maio de 2004, passando para 1679 empresas, contra 1564 no mesmo período em 2003. Dentre elas, 181 realizaram vendas superiores a US$ 1 milhão, correspondendo a 83,9% do total. Representantes dos governos dos dois países anunciaram em Stuttgart a intenção de fomentar a participação de pequenas e médias empresas no comércio bilateral.
Segundo Mugnaini, ainda há um grande número de produtos com potencial para ampliar as exportações para o mercado alemão, eles eles: frutas e preparações alimentícias de carne de frango; manteiga, gorduras e óleo de cacau; chocolates e preparações contendo cacau; biscoitos e produtos de pastelaria; garrafas, caixas e tubos de plástico; calçados, produtos siderúrgicos e cerâmicos. Em 2005, cerca de 400 pequenas e médias empresas brasileiras pretendem apresentar seus produtos na Feira Internacional de Orgânicos, em Nurembergue.