Proteção de dados
7 de abril de 2009
A rede de supermercados Lidl demitiu seu diretor na Alemanha, em decorrência de novos escândalos de violação à proteção de dados. Após a descoberta de que a empresa arquivava secretamente informações sobre a saúde de seus funcionários, o diretor Frank-Michael Mros foi substituído por Jürgen Kisseberth, que já fazia parte da empresa.
Poucos meses após o Lidl ter sido obrigado a pagar multas por espionar a vida privada de funcionários, foi divulgado no último fim de semana que a rede de supermercados estava registrando sistematicamente informações médicas sobre os empregados em documentos internos.
Joachim Jacob, que – como ex-encarregado do governo federal para proteção de dados – vem elaborando há meses novas regras de conduta empresarial para o Lidl, declarou que essas atas de saúde eram uma prática corrente na empresa. Jacob afirma não saber se as instruções valiam para as 34 sociedades regionais do supermercado. Seu trabalho de inspeção deverá durar até maio ou junho.
Em novembro, Jacob já tinha conhecimento das atas secretas sobre o quadro médico dos funcionários. "Até início de dezembro, elas deveriam ter sido destruídas", apontou ele, comentando que não é de se admirar que esse agravante reacenda o escândalo em torno da empresa.
Atas encontradas no lixo
Mesmo assim, Joachim Jacob e outro consultor do Lidl, Alfred Büllesbach, ex-encarregado de proteção de dados da Daimler, garantem que a empresa está "no bom caminho". Segundo eles, todas as câmeras de vídeo já foram retiradas das filiais do supermercado e até hoje a empresa não contratou mais nenhum detetive para espionar os funcionários. Além disso, as 34 sociedades da rede Lidl e os segmentos de prestação de serviço passaram pela vistoria de peritos de proteção de dados.
Segundo os órgãos de inspeção de proteção de dados em âmbito não-público do estado de Baden-Württemberg, o conglomerado terá que responder a um "abrangente questionário". As autoridades querem esclarecer onde o Lidl vinha adotando a prática de arquivar dados médicos dos funcionários. Ainda não se sabe se a empresa será obrigada a pagar novas multas.
O novo escândalo foi desencadeado pelo achado casual de documentos do Lidl em um contêiner de lixo na região do rio Ruhr. A revista Der Spiegel relatou que os formulários registravam, por exemplo, se os funcionário tinham possíveis problemas psíquicos ou estavam em tratamento pela impossibilidade de ter filhos. Segundo a empresa, esse arquivamento foi suspenso com a implementação da nova concepção de proteção de dados, no final de 2008.
Funcionários sob suspeita generalizada
Para o sindicato de prestação de serviços ver.di, o novo diretor do Lidl na Alemanha não representa um recomeço para a empresa. Afinal, Jürgen Kisseberth já faz parte do império Lidl há muito tempo, argumenta o sindicato.
O ver.di exigiu que a empresa passe a tratar os funcionários de outra maneira e deixe de colocá-los sob suspeita generalizada. Segundo o sindicato, a pressão sobre os empregados do Lidl continua sendo grande. Além disso, para mais de 3 mil filiais alemãs só existem sete conselhos de empresa.
Há mais de um ano, a rede de supermercados Lidl não sai das manchetes da imprensa alemã por causa de escândalos de violação de dados. Em março de 2008, a revista Stern noticiou que a empresa espionava funcionários com câmeras ocultas desde 2007. Fregueses do supermercado também eram filmados. As fichas, que mencionavam – por exemplo – quando os funcionários iam ao banheiro ou faziam pausa, também incluíam informações sobre sua vida privada.
Após ser submetida à investigação, a empresa foi condenada a pagar uma multa de 1,5 milhão de euros, em setembro de 2008. O presidente do Lidl, Wilfried Oskierski, demitiu-se no mesmo mês. Foi também a revista Der Spiegel que fez a recente denúncia pública do arquivamento sistemático de dados médicos. O Lidl alegou que utilizava essas informações para escalar os funcionários de acordo com seu estado de saúde.
SM/dpa
Revisão: Soraia Vilela