Após fala de Abbas sobre Holocausto, Scholz liga para Lapid
19 de agosto de 2022O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, disse nesta quinta-feira (18/08) ao primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, que qualquer tentativa de minimizar ou negar o Holocausto é inaceitável.
Scholz afirmou ao líder israelense que os comentários feitos pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, durante uma coletiva de imprensa conjunta na terça-feira em Berlim "foram intoleráveis e completamente inaceitáveis" para todo o governo alemão.
O líder alemão foi criticado por permanecer em silêncio após Abbas comparar ao Holocausto os ataques de Israel a palestinos.
"O chanceler enfatizou [a Lapid] que condena veementemente qualquer tentativa de negar ou relativizar o Holocausto", disse o porta-voz de Scholz, Steffen Hebestreit. A posição foi reafirmada em um tweet de Scholz após o telefonema.
O gabinete de Lapid disse que ele agradeceu a Scholz "tanto como primeiro-ministro de Israel quanto como filho de sobreviventes do Holocausto". Os dois líderes também concordaram se encontrar em Berlim "em breve", disse o porta-voz do líder alemão em um comunicado.
Abbas volta atrás em comentário
Os governos alemães do pós-guerra há muito argumentam que a palavra Holocausto se refere a um crime único: o assassinato sistemático pessoas, incluindo 6 milhões de judeus, pela Alemanha nazista.
Os comentários de Abbas provocaram indignação na Europa, nos Estados Unidos e em Israel, onde Lapid os chamou de "não apenas uma desgraça moral, mas uma mentira monstruosa".
Em resposta à repercussão negativa da fala, Abbas divulgou uma declaração chamando o Holocausto de "o crime mais hediondo da história humana moderna".
Polêmica em Berlim
Na terça-feira, Abbas disse, em visita a Berlim, que os israelenses já teriam cometido "50 Holocaustos em 50 locais palestinos desde 1947", referindo-se a ataques aos territórios palestinos.
A declaração veio em resposta a um jornalista que perguntou se Abbas pediria desculpas a Israel, na ocasião do 50º aniversário do ataque à delegação israelense nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. Naquele ano, a ação de um grupo terrorista palestino em solo alemão terminou com a morte de 11 atletas e treinadores israelenses.
Scholz não contestou a resposta de Abbas durante a coletiva de imprensa, que foi encerrada logo após o comentário do líder palestino de 87 anos. Somente mais tarde o chefe de governo alemão expressou sua "indignação" com a fala, em postagem no Twitter.
"Estou indignado com as revoltantes declarações do presidente palestino Mahmoud Abbas. Em particular para nós, alemães, qualquer tentativa de relativizar a singularidade do Holocausto é intolerável e inaceitável. Condeno qualquer tentativa de negação dos crimes do Holocausto", escreveu o líder alemão.
A fala de Abbas, bem como a reação tardia de Scholz, foi amplamente condenada por políticos da oposição e entidades judaicas na Alemanha e em Israel.
"Mahmoud Abbas acusar Israel de ter cometido '50 Holocaustos' enquanto permanece em solo alemão não é somente uma desgraça moral, mas também uma mentira monstruosa", escreveu Lapid no Twitter.
"Seis milhões de judeus foram assassinados no Holocausto, incluindo 1,5 milhão de crianças. A história jamais o perdoará." Lapid é filho de um sobrevivente do Holocausto.
le (AP, Reuters)