Amargo diagnóstico
27 de abril de 2003"A conjuntura entrou num elevador, os botões já foram apertados e agora todos esperam que as portas se fechem e a subida comece", disse Andreas Wörgötter, da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nesta quinta-feira (24/04/), resumindo as perspectivas para a economia mundial. Caberá aos EUA o papel de locomotiva da conjuntura. O reaquecimento terá início no segundo semestre, culminando em taxas de crescimento de 2,5% em 2003 e 4% em 2004.
O país precisa de reformas
A Europa acompanhará a tendência, mas com um semestre de atraso e taxas menores. Com somente 0,3% este ano, a Alemanha ocupará um dos últimos lugares na lista dos países industrializados, precisando com urgência de reformas. A reativação da economia só se dará em 2004, quando a OCDE espera um crescimento de 1,7%.
Em sua previsão anterior, de novembro de 2002, a OCDE partira de uma taxa de 1,5% para a Alemanha. A previsão oficial de Berlim, que deve ser revisada na próxima semana, é de 1%. A União Européia prognosticou 0,4% e o Fundo Monetário Internacional, 0,5%.
A Alemanha ainda não superou "a grave fraqueza de crescimento" que caracteriza sua economia nos últimos dez anos, segundo o economista da OCDE Eckhard Wurzel. A conjuntura pode deslanchar se as reformas anunciadas pelo chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, forem implementadas rapidamente, afirma Wurzel.
"Precisamos de medidas estruturais. É preciso reformar o mercado de trabalho, o sistema de saúde, a previdência, as aposentadorias, os mecanismos financeiros federais. Essas reformas estruturais terão, então, um efeito positivo sobre o orçamento. É assim que deveria ocorrer a consolidação", resumiu o especialista.
Mais desempregados
A OCDE também previu que a Alemanha não conseguirá cumprir, neste e no próximo ano, os critérios do Pacto de Estabilidade, que permitem um déficit orçamentário de, no máximo, 3% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso significaria uma violação por três anos seguidos, uma dura realidade para o país que já foi um "aluno modelo" em matéria de estabilidade, e que mais trabalhou para a criação do pacto válido para a zona do euro. Após 3,6% em 2002, o déficit subirá para 3,7% este ano, devendo cair para 3,3% em 2004, previram os especialistas da organização.
A demanda interna continuará fraca e o setor da construção não sairá da crise. Esses dois fatores deixam a economia alemã "suscetível a choques externos", nas palavras de Eckhard Wurzel. Em 2003 serão cortados no país 370 mil empregos, o que elevará o desemprego de 7,8% para 8,3%, de acordo com as estatísticas da OCDE, que divergem bastante das do Departamento Federal do Trabalho, que emprega outros critérios em seus cálculos. Em 2004 o desemprego deve estagnar na Alemanha, com uma taxa de crescimento econômico de 1,7%. O reaquecimento partirá do comércio mundial e, portanto, começará com uma acelaração das exportações alemãs, o que só em um segundo momento se reverterá em aumento do consumo interno.