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Aliados de Bolsonaro comemoram compra do Twitter por Musk

26 de abril de 2022

Bolsonaristas atacam críticos da transação, que interpretam como um gesto em defesa da liberdade de expressão. Rede social vinha implementando políticas de combate à desinformação e propagação de notícias falsas.

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Elon Musk e Twitter
Por um preço de 44 bilhões de dólares, Musk deverá assumir o Twitter integralmenteFoto: Jakub Porzycki/NurPhoto/picture alliance

Aliados e simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro comemoraram nesta segunda-feira (25/04) o anúncio da compra da rede social Twitter pelo bilionário Elon Musk, que interpretaram como um gesto em "defesa da liberdade". Recentemente, a plataforma vinha implementando políticas de combate à desinformação e propagação de notícias falsas.

Em fevereiro, o Twitter chegou a fechar um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral brasileiro (TSE) para combater a disseminação de desinformação durante a campanha eleitoral deste ano. Em outras eleições e durante a pandemia, a rede social adotou como estratégia a colocação de alertas em posts com desinformação e o bloqueio de usuários e remoção de conteúdos que feriam as políticas de uso. Se a aquisição do Twitter se concretizar, o futuro de tais medidas é incerto.

Um dos primeiros a comemorar a venda da plataforma foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, que publicou várias mensagens em apoio a Musk e, em alusão à transação, escreveu: "para a esquerda ficar desesperada basta haver igualdade na liberdade de expressão com a direita".

Seu irmão e senador, Flávio Bolsonaro, compartilhou publicações de apoio a Musk.

O próprio presidente, que é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por divulgar notícias falsas sobre a covid-19 e o sistema eleitoral, também sinalizou satisfação ao compartilhar um tuíte em que Musk diz esperar que mesmo seus críticos permaneçam no Twitter, pois "é isso que a liberdade de expressão significa".

Bolsonaro recomendou ainda uma matéria do portal UOL, que explica como desativar a conta para os usuários que não "querem ficar no Twitter de Elon Musk".

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, parabenizou Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, nas redes sociais pela possível aquisição do Twitter por 44 bilhões de dólares. "Mais uma vez ele está dois passos à frente de outros agentes e agora está a dar um gesto ao mundo em defesa da liberdade", disse ao elogiar o homem mais rico do mundo.

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) celebrou a compra do Twitter com o tuíte: "@elonmusk nadando nas lágrimas da esquerda mundial!"

O Ministério Público Federal brasileiro avalia pedir ao Twitter que informe se a aquisição afetará as políticas de combate à desinformação na plataforma.

Negócio preocupante

Críticos da compra do Twitter por Musk temem que o empresário acabe com esforços que vinham sendo implementados para combater a desinformação e a propagação de notícias falsas com o objetivo de melhorar a qualidade do debate público, e torne a plataforma uma terra sem lei. Sob essa perspectiva, a retirada de qualquer controle sobre o que pode ser publicado e ter grande alcance seria prejudicial ao próprio debate público que Musk diz prezar, ao favorecer a propagação de discurso de ódio e de desinformação.

Várias organizações de defesa dos direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional (AI) e a União das Liberdades Civis dos Estados Unidos (ACLU), expressaram preocupação com a possível compra do Twitter por Musk.

"O Twitter tem a responsabilidade de proteger os direitos humanos, incluindo o direito de viver sem discriminação e violência e a liberdade de expressão e opinião", afirmou o diretor de Tecnologia e Direitos Humanos para os EUA da AI, Michael Kleinman. Ele acusou ainda a plataforma de "fechar os olhos" ao "discurso violento e abusivo" contra mulheres e minorias.

Empresas como o Twitter "desempenham um papel profundo e único para permitir o novo direito à expressão 'online'", sublinhou a ACLU. "Devemos estar preocupados quando qualquer agente central poderoso, seja um governo ou uma pessoa com dinheiro, tenha tanto controle sobre os limites do nosso discurso político 'online'", acrescentou a organização.

Suposta liberdade de expressão

Musk alega que comprou o Twitter para liberar seu potencial de liberdade de expressão. Ele diz que o Twitter "precisa ser transformado em uma empresa de capital fechado" para construir a confiança com os usuários. O bilionário, que já se definiu como um "absolutista da liberdade de expressão", porém, é conhecido por bloquear e atacar seus opositores na rede social. Ele tem 83 milhões de seguidores na plataforma. 

Por um preço de 44 bilhões de dólares (R$ 215 bilhões), Musk deverá assumir a empresa integralmente e fechará o seu capital. O Twitter é uma empresa aberta, com ações negociadas em bolsa, desde 2013.

Segundo o acordo, os acionistas receberão 54,20 dólares por ação. O valor representa um ágio de 38% sobre o preço das ações do Twitter em 1º de abril, pouco antes de Musk anunciar que havia comprado 9% das ações da empresa. Espera-se que o negócio seja concluído neste ano.

cn/lf (Efe, Lusa, ots)